Elitização e Popularização Científica
- Por Sofia Burdelake Bespalhuk
Infelizmente, a elitização da ciência ainda é perceptível no mundo contemporâneo. Historicamente, diversos europeus são considerados “pais” de leis e métodos científicos, como Lavoisier e Newton, devido ao preconceito social da época em relação à produção científica por mulheres, negros e outros grupos marginalizados, que é a própria elitização científica. Até 1903, nenhuma mulher havia ganhado o prêmio Nobel pelo resultado de suas pesquisas, quando a pioneira Marie Curie foi reconhecida por suas descobertas em física, levando ao desenvolvimento da teoria da radioatividade.
A partir dessa grande conquista de Curie, diversas cientistas passaram a ser reconhecidas em suas respectivas áreas. Nomes como Katherine Johnson, matemática da NASA (National Aeronautics and Space Administration) por trinta e três anos e Barbara McClintock que foi uma geneticista e primeira mulher a receber o prêmio Nobel de Fisiologia (1983), contribuíram imensamente para o avanço e popularização científicos, ainda que não sejam tão famosas quanto a física franco-polonesa.
Entretanto, nos séculos XVIII e XIX, figuras como Ada Byron e Wang Zhenyi já contribuíam para este avanço. Byron, também conhecida como condessa de Lovelace, foi matemática e responsável por escrever o primeiro algoritmo computacional, enquanto Zhenyi foi astrônoma, matemática e poetisa chinesa que se manifestava contra o feudalismo chinês e a desigualdade através da escrita, além de ensinar matemática ao público em geral com artigos em linguagem simples.
Outros movimentos atuais, chamados políticas afirmativas, buscam incentivar a juventude a se desenvolver academicamente, disponibilizando materiais de estudo gratuitos e promovendo eventos tecno-científicos para estudantes das mais variadas origens. Dentre eles podem ser citados as olimpíadas de conhecimento, como a tão prestigiada OBMEP (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas) e tantas outras com áreas específicas, e eventos como feiras, simpósios e mostras de trabalhos acadêmicos, onde a FEBRACE (Feira Brasileira de Ciências e Engenharia) é o maior exemplo nacional nessa categoria.
No âmbito escolar, os Institutos Federais foram criados a fim de ofertar educação pública de qualidade, com ensino de níveis médio, técnico e superior. Nessas instituições os alunos são fortemente encorajados a seguirem suas aspirações, independentemente da origem ou situação social, e são de extrema importância para a popularização científica, uma vez que os estudantes dessa rede de ensino, sem esse apoio, talvez fossem excluídos apenas por não terem nascido em determinado meio social.
Com essas e tantas outras medidas, a sociedade avança lentamente ao encontro da superação de preconceitos, para que ninguém seja discriminado na comunidade científica. Inspirados com a história dessas cientistas, fica claro que todos podem contribuir com a ciência e tornar o mundo mais inclusivo.