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Sétima Arte - Origens Secretas


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 04/09/2020
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Até que enfim, na semana passada a Netflix trouxe mais filmes inéditos para seu público. Por isso, nessa edição, irei comentar sobre Origens Secretas, um filme bastante discreto da Netflix, que estreou sem grandes alardes ou campanhas de marketing, mas que tem mais para oferecer do que se pode imaginar. Ele faz parte da leva de filmes espanhóis que estão fazendo a alegria de muitos nesse tempo de pandemia. Enredos diferenciados, histórias interessantes e gêneros variados fizeram com que o público que procura um bom filme para além dos enlatados hollywoodianos fossem à loucura com as produções espanholas. Que o diga O Poço, um dos maiores sucesso desse serviço de streaming esse ano. Seguindo essa tendência, Origens Secretas é uma ótima indicação para esse fim de semana.

Vamos começar falando sobre o gênero, ele é um filme de Suspense Policial, um gênero de grande sucesso e que já entregou ao público obras primas, mas o diferencial dessa obra é a motivação do serial killer, no caso, as revistas em quadrinhos, ou como costumamos chamar, as HQs. Nesse ponto o filme acerta precisamente porque acaba se tornando uma mistura inesperada de Seven – Os Sete Crimes Capitais, de 1995, com os atuais e populares filmes de super-heróis.

Essa trama inusitada tem como base o livro homônimo de David Galán Galindo. Responsável não apenas pelo livro de origem, é ele também o roteirista e diretor de Origens Secretas. O filme tem um ar inovador porque os gêneros cima citados dificilmente conversam entre si. Em geral, um Suspense Policial é um filme denso, pesado, sisudo por natureza, em contrapartida, filmes de heróis são rápidos, previsíveis e repletos de humor irônico e escrachado. Ao misturar esses dois gêneros Galindo apresenta um filme que equilibra o tom sombrio e os assassinatos chocantes com um ótimo escape cômico, capaz de quebrar o gelo positivamente.

Os assassinatos são brutais, os cadáveres incomodam tanto, ou até mais do que em outros filmes desse mesmo estilo, mas a criatividade com que eles são produzidos chama muito a atenção. Para representar as histórias clássicas de origens de super-heróis da Era de Ouro e Prata da Marvel e da DC Comics o assassino utiliza subterfúgios muito interessantes e extremamente inteligentes. O filme faz referências diretas a revistas clássicas como Detective Comics #27, Amazing Fantasy #15, Tales of Suspense #39, Uncanny X-Men #1 e Marvel Comics #1, a partir disso, você saberá qual herói surge em cada uma. É incrível como após o primeiro assassinato, o expectador fica tentando descobrir qual será o próximo herói a ser representado no seguinte.  

O interessante é que mesmo com um tema pesado, esse ainda é um filme leve, pois ele não tem a menor intenção de ser super-realista. Desde seu início fica claro que a trama em si é uma obra de ficção e que não deve ser levada tão a sério. Esse tom “pseudo cômico” faz com que as possíveis falhas no roteiro sejam completamente esquecidas ou desconsideradas e com que o público foque especificamente no desenvolvimento dos fatos e dos personagens.

Falando em personagens, eles são apresentados de forma muito incomum e são completamente distintos e improváveis de darem certos juntos. Altamente estereotipados, você tem o detetive sério e dedicado, o nerd solitário e esquisito e a chefe durona e inteligente. Mas, salvo a apresentação do primeiro, os demais são inseridos na história de forma, no mínimo estranha, como por exemplo a delegada norma, chefe do protagonista e seu possível para romântico, que em sua primeira aparição está vestida de, pasmem, Sailor Moon (uma série de mangá e anime muito famosa e veiculada entre os anos de 1991 e 1997). É dessa forma que o expectador descobre como o universo da cultura pop e das “nerdices” será incorporado na trama.

Falando nisso, o filme é repleto de referências ao mundo pop, da cultura nerd e geek e de todas as formas de entretenimento. As HQs na verdade são apenas o começo, pois ao longo da história haverá muito cosplay e citações que vão de Cavaleiros do Zodíaco a Star Wars, tudo didaticamente explicado para que aqueles que não estão familiarizados com as informações sintam-se à vontade.

Mais do que falar sobre a origem dos heróis ou sobre assassinatos, o filme fala sobre os heróis comuns, do cotidiano. Dessa forma, busca contar a história de origem de um novo herói, sem superpoderes, mas capaz de fazer a diferença. Todo herói precisa de um vilão e esse, no caso, é muito bem construído, suas motivações estão de acordo com o que se espera de um vilão clássico de quadrinhos, pena que o clímax da luta entre o herói e o vilão deixe muito a desejar, mas quando isso acontecer você já estará tão envolvido na trama que não fará diferença. Falando em trama, vamos a ela.

A história de Origens Secretas se passa em Madri, em 2019. Quando um serial killer começa a espalhar o caos, matando pessoas anônimas que, aparentemente, não possuem nenhuma conexão umas com as outras. Um fã de quadrinhos e uma fã de cosplay se unem a um detetive novato para parar esse vilão. 

Por que ver esse filme? Primeiro, porque ele surpreende ao ser um filme fora do padrão, tem um trabalho interessante de fotografia e um ritmo bastante agradável. Segundo, porque ele é puro fan service, ou seja, 90% do que está em tela está ali para agradar aqueles que são apaixonados pela cultura pop. Por fim, porque é diversão garantida nesses tempos de reclusão social. Um último aviso, como todo bom filme de super-herói, ele tem cena pós-créditos, por isso, fique até o final para ver o filme por completo. Boa sessão!

Odailson Volpe de Abreu


Anuncie com Jornal Noroeste
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