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Setembro Amarelo: Um grito contra o suicídio e o legado de Émile Durkheim


Por: Alex Fernandes França
Data: 05/09/2023
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O mês de setembro é marcado por uma iniciativa que se tornou emblemática na luta contra um dos mais sombrios males que a sociedade enfrenta: o suicídio. Oficialmente, o dia 10 deste mês é designado como o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas a campanha Setembro Amarelo se estende por todo o ano, espalhando a mensagem crucial de que "Se precisar, peça ajuda!" Em 2023, essa campanha, que se tornou a maior no combate ao estigma associado ao suicídio em todo o mundo, busca ressaltar a importância de pedir apoio e enfrentar esse problema de saúde pública.

Émile Durkheim (1858-1917), um dos pioneiros da sociologia, oferece um valioso insight para entendermos o suicídio sob uma perspectiva sociológica. Durkheim argumentou que o suicídio não é apenas um ato individual, mas um fenômeno social que deve ser estudado em sua relação com a sociedade e suas instituições. Suas teorias sobre o suicídio, publicadas em 1897, lançaram as bases para a compreensão da influência dos fatores sociais na tomada de decisões suicidas.

Foto:Divulgação

Um dos conceitos centrais de Durkheim é a "anomia", que se refere a uma falta de normas sociais ou a uma desconexão entre os indivíduos e a sociedade. A anomia pode ser um fator precipitante para o suicídio, pois os indivíduos se sentem desvinculados das normas sociais que lhes fornecem orientação e sentido à vida. A campanha Setembro Amarelo tem como um de seus objetivos a criação de uma rede de apoio e a promoção da empatia, combatendo a anomia ao encorajar as pessoas a conversarem sobre suas emoções e a procurarem ajuda quando necessário.

Os dados sobre o suicídio, divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), são alarmantes. Em 2019, foram registrados mais de 700 mil suicídios em todo o mundo, e estima-se que haja mais de 1 milhão de casos não notificados. No Brasil, a média é de 38 pessoas tirando suas próprias vidas a cada dia, totalizando cerca de 14 mil casos por ano. A OMS destaca que praticamente 100% dos casos de suicídio estão relacionados a doenças mentais, muitas vezes não diagnosticadas ou tratadas inadequadamente. Isso ressalta a necessidade urgente de investir em saúde mental e desestigmatizar a busca por ajuda.

 

Em caso de necessidade de assistência, entre em contato com o número 188 do Centro de Valorização da Vida (CVV).

 

O impacto do suicídio não pode ser subestimado. É um problema que afeta todas as faixas etárias e grupos sociais, mas é particularmente preocupante entre os jovens de 15 a 29 anos, sendo a quarta principal causa de morte nessa faixa etária.

Os números divulgados pelo Ministério da Saúde em setembro de 2022, que apontam um aumento de 49,3% nas taxas de mortalidade de adolescentes de 15 a 19 anos e de 45% entre adolescentes de 10 a 14 anos, são alarmantes e devem nos alertar para a urgência de agir. A prevenção do suicídio deve ser uma prioridade, especialmente entre os jovens, que são mais suscetíveis às pressões sociais e às transformações emocionais que a adolescência traz.

As taxas de suicídio variam entre países e regiões, com diferenças significativas entre homens e mulheres. No Brasil, por exemplo, a taxa de suicídio é maior entre homens, especialmente em países de alta renda. É crucial que as estratégias de prevenção do suicídio levem em consideração essas disparidades e abordem as necessidades específicas de cada grupo.

Embora haja avanços em algumas partes do mundo, muitos países ainda não se comprometeram efetivamente com a prevenção do suicídio. Apenas 38 países possuem uma estratégia nacional de prevenção do suicídio, o que demonstra a necessidade de um esforço global coordenado para enfrentar esse problema.

O Setembro Amarelo é uma campanha fundamental que busca não apenas conscientizar sobre o suicídio, mas também oferecer apoio e esperança para aqueles que estão sofrendo. É um chamado para que a sociedade se una na prevenção do suicídio, adotando medidas eficazes em saúde mental e quebrando o estigma que muitas vezes impede as pessoas de procurarem ajuda. À luz das teorias de Émile Durkheim, compreendemos que o suicídio é um fenômeno social complexo que exige uma resposta coletiva. Neste Setembro Amarelo e além, lembremos que a solidariedade e o cuidado são armas poderosas na luta contra o suicídio.

 

·       Alex Fernandes França é Administrador de Empresas, Teólogo, Historiador e Mestrando em Ensino pelo PPIFOR – UNESPAR

Alex Fernandes França


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