Camila Pickler descreve quase  poeticamente isso.

 INCALCULÁVEL

 Li em algum lugar que ter um filho criado até a vida adulta vai me custar um valor milionário. Na verdade, isso deve ser para a classe top das galáxias. No meu caso essa conta deve ser reduzida a alguns zeros e, ainda assim, seria o suficiente para dar umas voltas em Nova York pilotando um carro incrível.

            Estamos na metade do ano e já se foram alguns mil reais em plano de saúde, exames, remédios, alimentação, fraldas, roupas, material escolar, brinquedos, lazer. Fora os prejuízos materias como celular quebrado por uma mordida, móveis destruídos por não suportar o peso de um bebê e sei lá mais quantas contas eu teria que fazer para calcular o custo de um filho.

            A verdade é que se você comparar um filho com notas de papel, o verdadeiro valor já se perdeu. Se sua dúvida é “ter um filho ou ter grana?”, aconselho você a ter grana. Quem faz essse tipo de comparação não saberá dar valor verdadeiro a uma criança.

            Vamos as contas! A cada abraço de bom dia, eu deixo de gastar com consultas com psicólogo. A cada apresentação da escola, eu ganho um dia a mais de vida. A cada beijo de boa noite, eu economizo com futuros problemas depressivos.

            Estou investindo essa nota toda em gargalhadas e lágrimas de felicidade. Essa pequena fortuna está mantendo meus dias de heroína.

            A cada “eu te amo”, eu deixo o cardiologista com menos serviço. Toda vez que sou acordada de madrugada, estou mantendo minha saúde em dia, longe de bebidas e fastfood. Estou investindo em um artista que faz a minha caricatura com os olhos maiores que a boca. Essa grana toda é destinada a renovação de uma sociedade. É um investimento em adultos bem-sucedidos.

Estou, na verdade, tentando calcular o tamanho da minha felicidade, e ela é incalculável.

            Uma vida inteira por preço de banana, que sorte eu tenho”.

Camila Pickler

Trecho do Livro “Mãe fora da Caixa”