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O velório de milhões e as piadas de alguns


Por: Especial para JN
Data: 28/03/2024
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Quero voltar no passado e relembrar o meu tempo de criança lá no Distrito de Vila Rica do Ivaí, Município de Icaraíma, Pr. Naquela época eu era um menino apaixonado por política e defendia o partido ARENA como defendia meu time do coração. Isso já faz dezenas de anos.

Era apenas dois partidos, ARENA E MDB. Até a música que os carros de sons tocavam pelas ruas tenho gravada na memória. Sempre alimentei a esperança que tudo dependia da política, o preço das coisas, salários melhores, nossa segurança enfim, sempre acreditei na política como solução de tudo e quando ela falhasse, tínhamos uma última corte, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL DO JUDICIÁRIO que garantiria os diretos elementares dos cidadãos. Essa certeza que emanava dentro de mim me acompanhou por uma vida inteira, mas com o passar dos tempos fui percebendo que tudo não passava de uma utopia.

Minha certeza, minhas esperanças foram assassinadas aos poucos e morta em definitivo no dia 22 de março de 2024. Nesse percurso da minha infância até hoje muitas mudanças aconteceram. Nesse percurso deixei de ser ARENA para ser MDB, PDS, PHS, PL, PT e hoje tiro as piores conclusões da minha vida. Precisei viver uma toda para descobrir o quanto fui otário por acreditar em caçador de marajás, Brasil acima de tudo, Deus acima de todos, União e Reconstrução. Se pudesse a partir do dia que o caixão foi fechado, 22 de março de 2024 não ouvia mais falar de Bolsonaro e Lula ou melhor, não ouvia mais falar de política.

Fiquei imaginando se algum de nós passar 10, 15 ou 20 anos lesando alguém será que o nosso judiciário deveria nos absolver para não entrarmos em um colapso financeiro? É lógico que não. Isso é problema de quem lesou o outro.

O papel do judiciário é fazer justiça. O problema de como vai pagar é de quem deve. Dia 22 de março de 2024 assisti o espetáculo mais deprimente que aquele menino que um dia teve a audácia de acreditar na política e na justiça assistiu. O sentimento era de um velório, enquanto alguns ministros ainda tinham o espirito de se descontrair contando piadinhas. Milhões de aposentados e pensionistas arrasados, a maioria deles com um salário mínimo por mês depois de passar uma vida inteira contribuindo com sua nação. Cadê os deputados, senadores que votamos? Cadê o defensor dos trabalhadores, dos programas sociais, o pai dos pobres, das três alimentações diárias? Cadê o homem que diz que é Brasil acima de tudo e Deus acima de todos? Bolsonaro e seus aliados montaram o caixão, Luiz Fux, Cristiano Zanin, Flavio Dino, Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Nunes Marques atestou a morte do paciente que ainda respirava, e mesmo André Mendonça, Carmem Lucia, Edson Fachin e Alexandre Morais tentando reanimar o paciente, Lula lacrou o caixão. Quero terminar dizendo que minha Esperança no judiciário foi assassinada e junto com ela, a crença de que tudo se resolve com a política.

Eu creio que um dia haverá a ressurreição desses valores em mim e em milhões de brasileiros tão decepcionados como eu, quando as nossas instituições saírem do colo do governo. Porque o presidente precisa nomear compadres por exemplo para o judiciário, se eles podem serem nomeados pelo grau de conhecimento através de concurso público? Enquanto isso não acontece o nosso judiciário mais parece um bando de defensores das causas de quem os nomeou, do que dos direitos justos da sociedade.

Instagram: Ilton Dasp

Por: Ilton da Silva Pereira

E-mail: iltondasp07@hotmail.com


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