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O perigoso perfeccionismo


Por: Luciano Rocha Guimarães
Data: 15/12/2022
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Quando estudo a vida de Jesus, um fato me surpreende: o grupo que deixou Jesus mais irado foi o grupo com o qual se esperava que mais se identificasse: os fariseus. Afinal, obedeciam a Torá. Eram zelosos para com a lei. Guardavam meticulosamente os mandamentos. Contudo, Jesus dirigiu aos fariseus seus mais fortes ataques: “Serpentes, raças de víboras! Hipócritas! Guia de cegos! Sepulcros caiados!” (Mt 23:44; 16-18; 27). A violência denúncia contra os fariseus indica com que severidade Jesus considerava a ameaça tóxica do legalismo e do perfeccionismo.

Acima de qualquer coisa, Jesus condenou a ênfase perfeccionista dada às aparências. O termo “sepulcro caiado” ilustra bem esta ênfase. Por fora se parecem belos aos homens, mas por dentro estão cheios de orgulho, arrogância e maldade. A beleza de fora, bem como a maturidade cristã, não advém de quanto você se considera “puro”, mas sim a conscientização de sua impureza. A prova da observância dos ensinamentos de Cristo é a nossa conscientização dos fracassos em atingir a perfeição ideal. Essa mesma conscientização abre a porta da graça. Outro perigo do perfeccionismo doentio dos fariseus era o extremismo. “Ai de vós, também, doutores da lei, que sobrecarregais os homens com cargas difíceis de transportar” (Lc 11:46). Não conheço nenhum legalismo, nem perfeccionismo, que não busque sempre alargar seu domínio de intolerância, sobrecarregando a todos com seus limites cada vez mais exigentes, gerando com isso frustração e dor. Não foi em vão que Jesus se referiu ao povo como aqueles que se encontravam “cansados e sobrecarregados” (Mt 11:28). O legalismo perfeccionista também alimenta a hipocrisia (Lc 12:1; Mt 23:3). A palavra hipocrisia significa “colocar uma máscara”. Ela coloca uma máscara porque define um conjunto de normas e regras que podem encobrir o que se passa por dentro. Um exemplo claro do desagravo de Deus ocorreu com Ananias e Safira (At 5). No esforço de parecer espiritual, agiu como se estivesse doando todo o dinheiro. Mas a realidade do coração era bem outra, e foi duramente denunciada e julgada.

Conheço apenas uma alternativa para o legalismo perfeccionista: a honestidade. Uma vez que não conheço nenhuma pessoa que ame ao Senhor nosso Deus de todo o seu coração, mente e alma, e ao próximo como Cristo nos amou, não vejo o perfeccionismo como uma alternativa viável. Nossa única opção, então, é a honestidade que leva ao arrependimento e a piedade, e por fim, a maravilhosa graça de Deus que nos aceita como somos!

Luciano Rocha Guimarães


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