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O nascimento de Jesus: O Natal que eu não conhecia


Por: Luciano Rocha Guimarães
Data: 22/12/2022
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No Natal comemora-se o nascimento de Jesus, e com ele um movimento esperado e apressado de presentes, enfeites, festas, cartões, árvores, Papai Noel e muita comida. Contudo, contrariando este burburinho que a sociedade gostaria que crêssemos, o primeiro Natal contrasta duramente com esta realidade. Não é isto que vemos nos primórdios do Natal. Pelo menos não é isto que a narrativa dos evangelhos nos aponta. Há uma discrepante descontinuidade entre o real e o fictício, entre o verdadeiro e o inventado, entre a manjedoura com o bebê e o “bom velhinho”. Por isso, faz-se necessário afastar-mo-nos um pouco da ilusão da festa para a seriedade dos evangelhos. Neles, há alguns acontecimentos que muitos desconhecem.

A ANUNCIAÇÃO

Ao invés de famílias tranqüilas e felizes ao redor de um pinheiro iluminado, à semelhança dos cartões modernos, o evangelho de Lucas registra que Maria ao receber a visita do anjo, anunciando sua concepção sobrenatural, teve medo: “Como será isto, pois não tenho relação com homem algum” (Lc 1:34), indagou ela preocupada. Ela sabia que as implicações desse fato seriam terríveis, já que naqueles dias na Palestina o adultério era passível de morte por apedrejamento. Esta era a lei inflexível de Moisés. E seus pais, o que diriam? Será que dariam crédito à sua história de um encontro com um anjo? E o seu noivo, José, será que acreditaria nela? Parece que inicialmente não creu, pois a deixou secretamente (Mt 1:19). Lá estava ela, então, uma humilde adolescente, sozinha, desamparada e abandonada pelo noivo, procurando refúgio na única pessoa que poderia compreendê-la, Isabel.  Mas o que mais desperta a atenção em Maria é que, diante de todas as implicações, ela não se acovardou e respondeu prontamente ao anjo mensageiro: “Aqui está a serva do Senhor, que se cumpra em mim conforme a tua Palavra (Lc 1:38).

Com grande frequência vejo que a obra de Deus, à semelhança de um aguçado punhal, vem acompanhada de dois gumes: grande alegria e grande sofrimento. Em sua resposta ao anjo, Maria abraçou os dois, sendo a primeira pessoa a aceitar Jesus com todas as suas implicações de vida ou de morte.

O NASCIMENTO

A vinda de Jesus ao mundo segue a mesma esteira de dificuldades e sobressaltos: o recenseamento feito pelo império Romano, a viagem árdua de Nazaré a Belém feita por uma grávida em seus dias finais de gestação, a falta de acomodações adequadas ao chegarem na cidade, e por fim, um estábulo improvisado como hospedaria (Lc 2:1-7). Naquele lugar, tão diferente das atuais maternidades onde se prima pelo cuidado, higiene, conforto e atenção, nasceu o Rei, tendo por estrado uma manjedoura, um local onde os alimentos eram colocados para os animais. Há aqueles que insistem em dizer que os locais onde pernoitavam os animais eram cavernas, e não estrebarias construídas ao lado das casas. Se isto procede, Maria teve o seu bebê em uma caverna, pois eram em cavernas que os pastores das regiões altas de Belém guardavam seus rebanhos à noite, defendendo-os de animais e salteadores. Chesterton, o inigualável jornalista e escritor cristão inglês do século passado, diz que: “Foi num lugar assim, exatamente debaixo dos pés dos passantes, num subterrâneo sob o próprio chão do mundo, que Jesus Cristo nasceu”.

O que uma jovem adolescente poderia pensar diante desse quadro? Talvez ela questionasse: “Que Salvador seria este? Que rei viria ao mundo desta maneira? Como poderia Ele herdar o trono de Davi se o que tem é apenas uma manjedoura suja e improvisada em uma caverna encravada na rocha? Será que tudo isso não passou de um sonho?” Mas, aquilo que aos olhos humanos ainda era obscuro, Deus irrompeu em plena luz nos campos: a glória de Deus brilhou aos pastores (Lc 2:18-14). E enfim, os pastores haveriam de encontrar o seu Pastor. Também no firmamento, guiando os magos filósofos do oriente até o menino, brilhou a estrela (Mt 2:1-12). Todo aquele mundo de sabedoria de observar as estrelas na Caldeia e o sol na Pérsia culminou em recompensa. Eles eram aqueles que não buscavam apenas a história, mas sim a verdade das coisas; e sua sede de verdade era a sede de Deus. Ao receber presentes da realeza: ouro, incenso e mirra, penso que Maria deve ter se perguntado: “Quem será este menino verdadeiramente?”.

Luciano Rocha Guimarães


Anuncie com Jornal Noroeste
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