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O individual e o útil


Por: R. S. Borja
Data: 06/10/2025
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Quando for a tua vez de comer, come. Mas não diante de quem tem fome. Pois pode estar a alimentar a inveja na mente de quem deseja teu prato.

“Nem sempre precisas ser luz na escuridão. As vezes precisas mesmo guardar a sua lanterna para não atrair a atenção das mãos que nunca seguraram uma ou não souberam segurá-la. Pois eles são capazes de te cortar a mão e continuar na escuridão porque nunca aprenderam a segurar a lanterna”. (ISRAEL DOMINGOS, Escritor).

Ao ler e ouvir essas palavras, que propiciam muitas interpretações e aplicações, veio a mente a individualidade (especialidade) e utilidade do ser humano.

O homem efetivamente não é uma ilha mas, ao mesmo tempo, cada um de nós somos um planeta. Cada um tem suas características próprias, suas qualidades e limitações, sua rotina, sua forma de ver a si, aos demais e a vida em si. Somos, portanto, um planeta, uma galáxia, um país ou uma cidade, cercados de outros planetas, galáxias, países ou cidades.

Certo é que poucos desses planetas sobreviveram sem se relacionar com os demais. E mesmo que conseguissem, seria em condições muito adversas. Precisamos interagir com os demais, seja pela sobrevivência, seja pela evolução ou simplesmente para não enlouquecer (claro que muitas vezes é essa interação que nos leva a loucura).

Por sermos únicos, com características exclusivas, ainda que tenhamos interações com seres semelhantes, muitas vezes não percebemos que, aquilo que consideramos normal, cotidiano, é o que falta no mundo do outro. E não tem a ver com o material. Educação, caráter, postura, inteligência, modo de falar e vestir, gentileza e bondade podem ser vistas como uma forma de agressão para quem não possui tais atributos, dando causa a sentimentos não tão nobres.

Ao acreditarmos que todos os demais possuem as mesmas ferramentas que temos e a mesma visão de mundo, cometemos o erro de considerar nossas qualidades e condutas como normais, não sendo passíveis de qualquer olhar diferenciado, o que nos torna frágeis a qualquer tipo de afronta.

E quando descobrimos que algumas pessoas não possuem as mesmas características, buscamos ser úteis, tentando resgatá-las.  A questão é que esse salvamento ocorre dentro dos limites e condições de quem tenta salvar. E, ao invés de ensinar a como conseguir ou trabalhar para obter as mesmas características, preferimos suprir essa falta.

E nesse afã de chegar ao prêmio, ao invés de caminharmos lado a lado a cada passo, preferimos carregar o outro no colo. E com isso vemos nossas energias sendo sugadas, as exigências se tornaram maiores, quase sempre por conta das atitudes do outro, até o ponto de ficarmos esgotados.

É quando perdemos nossa utilidade, deixamos de ser interessantes. E pior, percebemos que o outro não saiu do lugar e que perdemos nosso brilho.

Por tudo isso, não seria de todo irracional pensar que devemos interagir e nos mostrar somente àqueles que veem nosso brilho como algo belo. E quando quisermos ser úteis, que sejamos como o farol, que indica e direciona o caminho para que os navegadores cheguem ao seu destino.


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