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O Branco manchou o preto da pele de Maria


Por: Jacilene Cruz
Data: 20/10/2025
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O Branco manchou o preto da pele de Maria

mas o cabelo preso debaixo do lenço

colocava a pequena mulher em seu ‘devido lugar’

 

Adormecia sob as folhas de licuri

erguida nas terras daquele que deixava

levantar as paredes de taipa

 

O colchão forrado com chita

recebia seu corpo cansado

os olhos não viam as estrelas

 

Importante era matar a fome

 

O capim seco que recebia a canseira de Maria

revidava

espetando seu corpo

furando sua alma

 

A manhã chegaria em breve

breve seria o descanso da noite

não tardaria

o sol despontaria ao Leste

trazendo a dor das manhãs

 

-Maria, adjutório na casa de farinha de seu Zé Mota!

 

Quer fosse pela estrada

quer cortasse caminho pelas plantações de mandioca

o destino seria o mesmo

 

Um braço forte a puxaria

e seu corpo judiado pelo capim

agora também seria espetado

pelo dono da casa em que morava

ou do caminho por onde passava

 

a cabeça antes com lenço adornada

era agora descoberta

certificavam-se que era a mulher certa

para a satisfação desenfreada

os homens que por ela entrava

 

Ao longe o marido espreitava

esperava       

a casa onde se abrigava

ser paga

Jacilene Cruz


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