Necropolítica ou a natureza humana corrompida?
Caríssimos e caríssimas leitoras(es), o título deste novo texto, traz uma questão que considero muito importante, pois transcende a noção de humano bom ou mau, o bem ou o mal, em nossa atualidade e nosso cotidiano, marcados pela violência, que nos faz indagar: “Como pode existir homens/seres humanos tão maus e violentos?” Cito aqui, o filósofo iluminista Jean-Jacques Rousseau, que defende a ideia de que a natureza humana é boa e que na convivência social, passa a ser corrompida, isto é, o homem pode se tornar mal e violento. Citando o pensador francês: “O homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe.” Obviamente, podemos criticar esta posição e interpretá-la como sendo ingênua e irreal, pois a violência que presenciamos em nossa sociedade, só nos faz perceber a violência e a morte, causadas por homens naturalmente maus.
O filósofo Achille Mbembe, por sua vez, afirma que nosso tempo presente exercemos a capacidade de estabelecer parâmetros em que a submissão da vida pela morte é legitimada. Temos o que este pensador denomina como Necropolítica, que destrói corpos. Fazendo morrer e determinando quem pode viver e quem deve morrer, autorizando ou praticando a morte e a subjugação, especialmente de grupos ou comunidades, consideradas como indesejáveis ou inimigos. O dito poder dos bandidos ou facções criminosas, ao dominar territórios, contribui para a desumanização e indignificação de comunidades onde residem, as transformando em moradias de mortos-vivos e consequentemente, em alvos do exercício de necropolítica por parte do Estado. Assim, aparentemente a resposta para a questão colocada nesta coluna, torna-se fácil. Contudo, quero terminar este texto, formulando o seguinte questionamento: “Estes criminosos que integram facções e milícias, vieram das trevas ou saíram do seio de uma sociedade, que não lhes proporcionou ou proporciona as condições para não se corromperem?