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Muito barulho por nada e as polarizações persistentes


Por: Rogério Luís da Rocha Seixas
Data: 11/06/2021
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Começo essa exposição de ideias, destacando que me utilizo do título de uma comédia de William Shakespeare, para rapidamente ilustrar e analisar a postura da seleção brasileira perante a realização da Copa américa, mas sem o objetivo de criticar ou me deter muito neste tema que não se configura como sendo o principal. A tão esperada posição em manifesto dos jogadores, fez muito mais barulho do que algum efeito concreto, esperado creio eu por muitos. Claro, que houve consequências mais internamente na CBF. Também, tenho certeza que apesar de apenas fazer muito barulho e pouco efeito, o manifesto tenha agradado a alguns e desagradado a outros. Mas também, não é este o ponto que quero atingir aqui.

Ao se posicionar em nome dos jogadores, o técnico da seleção foi acusado publicamente de “esquerdista” e “comunista”. Um traidor da pátria. Assim como alguns jogadores. Fiquei imaginando se seria possível ver Neymar como um “comunista”. Confesso que não fui capaz. No outro polo, o barulho produzido alegrou aos inimigos da direita. A seleção começou a se tornar símbolo da luta antifascista. E no fim... muito barulho por nada! 

Contudo, as polarizações se exacerbaram. Aqui é o tema de meu interesse nessa exposição. Mais uma vez os polos gritaram. Esbravejaram. E aí sim o barulho se faz presente e concreto há muito tempo. Não há muito mais espaço para debates. Troca de ideias. Uma maior tolerância para as opiniões diferentes. O confronto barulhento com camada ideológica e roupagem politiqueira, cega a razão e confunde a compreensão, fechando a possibilidade mínima de diálogo, deixando abertura para a prevalência das convicções cegas e da intolerância, em suas variadas formas. Não sei se chegaremos a um ponto onde alguém que só gostar de “maçã” será visto como um esquerdista e quem preferir mais o limão, será taxado como da “direita reacionária”. Exageros a parte, o episódio da seleção, só veio demonstrar o enorme barulho que as polarizações persistentes provocam, nos deixando não apenas surdos e mudos, mas cegos para as questões que realmente interessam e deveriam ser tratadas de modo menos barulhento.     

Rogério Luís da Rocha Seixas

Rogério Luís da Rocha Seixas é Biólogo e Filósofo Docente em Filosofia, Direitos Humanos e Racismo Pesquisador do Grupo Bildung/IFPR e-mail: rogeriosrjb@gmail.com


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