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Morte e Alteridade


Por: Rogério Luís da Rocha Seixas
Data: 16/11/2023
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Caríssimos! Peço desculpas, se o título desta nova troca de ideias, traz um certo sentido de mórbida ou sentimento de angustia, contudo, em vista dos fatos presentes em nossa atualidade, marcados pela morte e destruição de vidas humanas, penso que somos desafiados por uma questão importante: “Devemos separar a morte da relação com o outro? (Alteridade).

Antes de continuarmos, proponho colocar outra questão inclusive possuidora de caráter introdutório para a nossa reflexão e debate: Quem é o outro? Podemos observar imediatamente que o outro, não é o mesmo que eu sou, mas aparece sempre no horizonte do eu. É um estar junto conosco no mundo relacionalmente. Compomos com o outro, a existência de sermos e habitarmos mundo. A alteridade respeitada, reconhecida e passível de cuidado. De se perceber o outro, enquanto uma pessoa singular, autônoma e subjetiva.

Sendo assim, precisamos ser capazes de nos relacionar com o outro, em nos colocarmos em seu lugar, buscando compreender o seu modo de ser e estar no mundo, reconhecendo e respeitando seus direitos, limitações e as suas diferenças. De termos em comum, o eu (o mesmo) e o outro(alteridade), a condição de seres para a morte. Entretanto, o que normalmente ocorre é percebermos o outro como hostil a nós, representando uma ameaça. Em muitos casos, trata-se o outro com distanciamento e desprezo, o apartando de nós mesmos, a não ser que de alguma forma, se torne como o eu ou o nós somos. Neste aspecto, nada mais contrário ao reconhecimento e respeito à alteridade, que passa exatamente pela atitude a diferença e que o eu precisa conviver com o outro.

Penso que a morte do outro, o coloca não mais como o hostil, a ameaça que de alguma maneira a minha vontade e o meu modo de ser. Como o outro morre, se apresenta não apenas como uma experiência biológica, porém situa-se na esfera do interpessoal. Morte que segundo o pensador Byung-Chul Han: “Corresponde, ao entre, que é ao mesmo tempo, o campo do jogo próprio ao reconhecimento” (HAN, 2020). Sendo assim, destaco que reconhecer o espaço próprio do entre eu-outro, a partir da morte, nos faz ou deveria fazer, compreender o impacto de destruição da alteridade, como experimentamos no atual conflito Israel-Hamas ou nas violências sociais e etnicorraciais, comuns em sociedades como a nossa.

Bibliografia: Morte e Alteridade – Byung-Chul Han – Petrópolis, RJ: Vozes, 2020.

Rogério Luís da Rocha Seixas

Rogério Luís da Rocha Seixas é Biólogo e Filósofo Docente em Filosofia, Direitos Humanos e Racismo Pesquisador do Grupo Bildung/IFPR e-mail: rogeriosrjb@gmail.com


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