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Maligno


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 16/09/2021
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Na última semana eu me abstive de comentar sobre o novo filme de terror de James Wan para comentar sobre um filme nacional, leve e engraçado. Mas, é impossível ignorar a nova obra desse mestre do Terror. Wan se consagrou como grande diretor emplacando filmes excelentes e icônicos que revolucionaram esse gênero nas últimas décadas. Recentemente ele, como a grande maioria dos grandes profissionais de Hollywood, enveredou pelos caminhos dos filmes de heróis, no caso, Aquaman, mas entre um filme e outro conseguiu levar a cabo a obra em questão, que é, no mínimo, um tipo de terror experimental. Sobre Maligno de James Wan você fica muito bem informado essa semana.

O diretor James Wan tem uma legião de fãs, aqueles que adoram filme de terror estão sempre atentos a tudo o que ele produz e dirige e, com muita avidez, consomem esses produtos de entretenimento. Ciente disso, e também de todo o seu prestígio profissional, ele se deu ao luxo de desenvolver um projeto mais autoral e ousado, aproveitando tudo o que já foi criado e consagrado no cinema de horror na história da sétima arte.

Esse comentário pode deixar muita gente assustada, pois tudo o que o expectador menos quer ver num filme de terror são clichês. Mas venhamos e convenhamos, hoje em dia é quase impossível inventar a roda, por isso, o melhor a se fazer é inovar dentro do que já foi criado. Nesse ponto, vale a pena ressaltar que Wan tem experiência e cacife para fazê-lo.

Maligno difere das obras anteriores consagradas de Wan em vários aspectos. Sua intenção não é fazer desse filme um ícone do gênero como foi Jogos Mortais ou Invocação do Mal, mas sim, ser um filme de reverência à estilos consagrados do terror ao longo dos anos. Mais que isso, o filme, que é claramente classificado como terror, passeia por outros gêneros demonstrando uma grande versatilidade. Conforme a história se desenvolve você fica na dúvida se o filme é ação, suspense policial, ou terror e isso é bom, pois ajuda na construção do clima de tensão e também prende a atenção do expectador.

Para mais, o expectador participa constantemente da história desenvolvida pela mente criativa de Wan, e roteirizada por Akela Cooper, pois não sabe se a entidade - que lembra muito as assombrações japonesas dos filmes j-horror do início dos anos 2000 -, é real, é sobrenatural ou é algo inventado pela cabeça da protagonista. Essa dúvida, plantada na mente do expectador, ajuda na tensão e curiosidade em torno do desenrolar dos fatos.

Essa curiosidade aumenta quando o expectador começa se questionar sobre a natureza da trama, trata-se de um filme no estilo slasher, quando um serial killer real persegue e mata as pessoas ou é aquele terror sobrenatural em que uma entidade fantasmagórica ou demoníaca age nas sombras levando medo e terror? Diante disso, todo e qualquer clichê acaba sendo utilizado a favor da história e não gera de forma alguma no expectador a sensação de saber o que irá acontecer na sequência, algo que em geral estraga todo filme do gênero e que não acontece nesse caso.

Soma-se a isso a qualidade técnica investida em todo filme de Wan, ângulos de câmera, paleta de cores, tons avermelhados, até mesmo as luvas do assassino, tudo isso constrói uma aura pesada e amedrontadora que salta a tela e invade as percepções do expectador, fazendo com que ele sofra tudo aquilo que a protagonista sofre ao longo da trama. O elenco formado por uma trupe de atores desconhecidos ajuda a construir e manter esse clima por meio de atuações canastronas, mas muito competentes, pois se encaixam perfeitamente no que o filme propõe entregar. Destaque deve ser dado para Annabelle Wallis, que impõe à protagonista um ar de dona de casa vulnerável, traumatizada e, talvez, sugestionável.

Vamos à trama, mas como você deve ter percebido eu não dei grandes detalhes sobre a história em si, mas comentei apenas sobre questões técnicas e de composição, isso porque quanto menos você souber da trama, melhor será a experiência. No filme, Madison passa a ter sonhos aterrorizantes de pessoas sendo brutalmente assassinadas. Ela acaba descobrindo que, na verdade, são visões dos crimes enquanto acontecem. Aos poucos, ela percebe que esses assassinatos estão conectados a uma entidade do seu passado chamada Gabriel. Para impedir a criatura, Madison precisará investigar de onde ela surgiu e enfrentar seus traumas de infância.

Por que ver esse filme? Vale a pena a ida ao cinema pela originalidade e ousadia. Não é todo dia que um grande mestre do terror deixa sua zona de conforto e se arrisca num projeto tão autoral e diferente. Além do mais, o filme faz uma homenagem aos nomes que marcaram a história do cinema de horror, tais como John Carpenter, Wes Craven e David Cronenberg, quando aproveita e reinventa seus maneirismos e suas formas de desenvolver o terror no público. Ao final do filme, você estará se questionando, será que foi o que eu esperava? Será que foi mais ou menos do que deveria ser? E não se surpreenda, pois ao que tudo indica era essa sensação que o filme queria despertar. Boa sessão!

 

Assista ao trailer:

Odailson Volpe de Abreu


Anuncie com Jornal Noroeste
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