Julieta

O texto dessa semana é para que todas nós, mulheres, jamais esqueçamos que somos alvo constante.
Nossos olhos
nunca se cruzaram
mas vejo as flores
que caíam
por onde passavas
Meu nariz jamais
sentiu teu cheiro
mas o perfume de tua
presença
sorvia os pensamentos meus
Em tempo algum
ouvi tua voz
mas reconheço o brilho
da tua risada
As palavras que professastes
ao vento
eram doces
gomos de laranja bahia
adoçando a mais amarga
audição
Nossas mãos não se apertaram
se calosas ou delicadamente
macias eram
não sei
mas entendia cada gesto
teu
Todos os meus sentidos
sentiram tua
partida
como as de outras tantas
que tiveram sua carne
rasgada[1]
[1] Poema publicado no livro As impressões das pontas dos dedos de Mainha no Cuscuz, de minha autoria.

