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Fátima: A História de Um Milagre e Halloween Kills


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 14/10/2021
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Quem me conhece sabe o quanto eu gosto de locais de peregrinação! Em geral, esses lugares são sempre místicos, exalam um clima diferente que você sente no ar ao chegar lá. Seja em Aparecida, Santiago de Compostela ou Fátima, a sensação de estar em um lugar especial torna a visita sempre muito marcante. De todos esses, Fátima toca mais profundo, talvez por fazer parte do nosso imaginário infantil. Estive lá por ocasião do centenário das aparições, em 2017, o que tornava a visita ainda mais ilustre. Bem por isso, seria impossível não comentar sobre uma estreia da semana passada, tima: A História de Um Milagre. Além desse filme, quero fazer também algumas considerações rápidas a respeito do blockbuster Halloween Kills, que acabou de estrear.

Primeiro, vamos falar de Fátima, que encanta do início ao fim. Filmes religiosos sempre são vistos com um olhar de desconfiança pela crítica. A grande maioria acredita que, nesse gênero, a fé se sobrepõe à arte. Nem por isso, esses são filmes menores. Ao longo da história do cinema grandes épicos foram concebidos com inspiração religiosa, tais como Os Dez Mandamentos, ou A Paixão de Cristo. No entanto, tima: A História de Um Milagre, mesmo tendo pretensões muito mais humildes do que os outros exemplos citados, sobe um tom em termos de narrativa.

O roteiro muito bem construído tem como base os relatos históricos do ano de 1917 deixados pela Irmã Lucia, uma das videntes de Fátima. Apresentados em forma de flashbacks, essas lembranças são inseridas de forma muito perspicaz ao longo de uma entrevista ambientada em 1989, onde a Irmã Lúcia, já idosa, é questionada a respeito de seu passado por um interlocutor cético. Aos poucos a entrevista se torna uma discussão muito respeitosa sobre fé e razão, ilustrada pelos acontecimentos místicos de Fátima que permitem ao expectador se posicionar e escolher no que quer acreditar.

Em certo momento, Lucia diz algo como, não ser capaz de provar nada, mas apenas testemunhar o que vivenciou, lembrando a todos que a fé se baseia mais em experiências do que em racionalidade. Essa franqueza e delicadeza com que o filme trata temas tão caros para tanta gente é muito bem-vinda para o gênero. Mérito do diretor italiano Marco Pontecorvo, ele impõe ritmo, técnica e beleza poucas vezes vistos nesse tipo de gênero, isso porque as obras americanas que possuem essa inspiração diferentemente das europeias , em geral, são “made for tv com baixa qualidade técnica e visual.

Nesse filme, Pontecorvo constrói uma narrativa que impõe profundas reflexões seguidas por acontecimentos que envolvem ação e drama de uma forma muito bem equilibrada. O público se envolve na conjuntura histórica portuguesa de 1917, compreendendo toda a sua complexidade, que passa pela pobreza imposta pela guerra, pelo drama das famílias que perdem os filhos mais velhos para esse conflito e chegando a perseguição do Estado recém-criado em Portugal , que quer se impor sobre a influência da Igreja minando a fé das pessoas.

As duas narrativas apresentadas na trama são pretextos para que Pontecorvo apresente sua grande capacidade técnica e estética. O expectador percebe quando a narrativa está em um ou outro momento histórico por meio da diferenciação de tons. Enquanto as sequências de 1917 possuem uma cor de sépia levemente rosada, as de 1989 trazem cores vivas, impondo o peso da realidade permeada pelas discussões. O trabalho de fotografia, com seus enquadramentos, apresenta verdadeiras pinturas, por vezes com uma estética que lembra as obras do renascimento, já em outras, principalmente à noite, remetem as obras do barroco. O único pecado é o clímax, desenvolvido por meio de um CG um tanto quanto duvidoso, mas nada que macule a obra como um todo.

O elenco conta com grandes nomes como a atriz brasileira Sonia Braga e o talentosíssimo Harvey Keitel, além da excelente atriz portuguesa Lúcia Moniz. Mas são as crianças que dão o verdadeiro show. Guarde bem o nome da jovem atriz espanhola Stephanie Gil, ela tem tudo para bilhar por muito tempo em Hollywood! Fica a cargo dela o papel de Lucia quando criança, apresentando em sua personagem muita dor, sofrimento, fascínio e coragem, características difíceis para qualquer ator experiente que são ostentadas de forma magistral pela jovem. Gil conta com o suporte das outras duas crianças, Alejandra Howard e Jorge Lamelas, que também se saem muito bem em cena. Vamos à trama!

Em meio a Primeira Guerra Mundial, três crianças de Portugal Jacinta, Francisco Marto e Lucia de Jesus dos Santos testemunham seis visões da Virgem Maria entre os meses de maio e outubro de 1917. Após contar para adultos céticos passam a sofrer com a desconfiança da Igreja e a perseguição do Estado. Com o tempo, a Igreja Católica reconhece a visão das crianças, transformando a cidade de Fátima num dos principais lugares de peregrinação do mundo.

Por que ver esse filme? O grande atrativo do filme não está em sua originalidade, até porque não se inventa novidades a partir de uma história já conhecida por todos. Seu atrativo está em sua tentativa de não se deixar reduzir apenas ao aspecto religioso, numa busca muito válida de ir além, criando espaço para uma reflexão mais madura sobre como as pessoas compreendem ou se portam diante da fé de outras pessoas. Num tempo de divisão e intolerância, a mensagem de respeito e reflexão fala mais alto nessa obra. 

Por fim, algumas considerações sobre Halloween Kills. A grande pergunta é: esse filme é necessário? A resposta é não! Mas como seu antecessor, Halloween de 2018, se tornou um sucesso, era mais que óbvio que o estúdio iria querer aproveitar ao máximo esse renascimento do slasher. Por isso, chegou aos cinemas essa semana a segunda parte dessa trilogia (isso mesmo, ano que vem teremos Halloween Ends fechando a história). Halloween Kills teve uma prévia no Festival de Veneza e dividiu a crítica especializada. Quem viu, não gostou muito, mas, como eu já comentei na semana passada, o cinema vive para o público e não para a crítica.

Bem por isso, espere um grande sucesso de bilheteria. Além disso, o filme conta com a fantástica Jamie Lee Curtis no elenco. Ela já mostrou toda a sua intensidade no filme anterior e, com certeza, irá superar sua incrível atuação não apenas nesse, como também no próximo filme. Tanto o roteiro quanto a direção estão nas mesmas mãos (principalmente nas do diretor David Gordon Green), o que irá garantir um bom ritmo, jumpscares e ótimas sequências que encherão os olhos dos mais fanáticos pela obra.

a trama, começa onde termina o filme anterior. Minutos depois de deixar o assassino queimando, Laurie vai direto para o hospital com ferimentos graves. Mas quando Michael consegue escapar da armadilha de Laurie, sua vingança e desejo por sangue continuam. Enquanto Laurie luta contra a dor, ela tem que se preparar mais uma vez para se defender de Michael e consegue fazer toda a cidade de Haddonfield se juntar para lutar contra o monstro.  Diversão de primeira para quem gosta desse estilo de filme, cheio de perseguição, sangue e reviravoltas! Aproveite e boa sessão!

Odailson Volpe de Abreu


Anuncie com Jornal Noroeste
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