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Família: instituição básica de integração social


Por: Especial para JN
Data: 10/05/2024
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“Toda a evolução de nossos costumes contemporâneos torna-se incompreensível se desprezamos esse prodigioso crescimento do sentimento da família. Não foi o individualismo que triunfou, foi a família.”

 — Philippe Ariès (1914-1984), historiador, autor de História Social da Criança e da Família (1973)

 

“O móbile de Deus  — um ser humano  — dois seres humanos  — uma família de seres humanos. (...) Uma família verdadeira dentro do espaço e tempo da história, com raízes no passado e estendidas em direção ao futuro. Seria isso algo a ser descartado, quebrado, chutado, cortado, diminuído, desprezado, perdido no século XX e desconhecido no XXI?”

 — Edith Schaeffer (1914-2013), escritora e cofundadora do L’Abri, autora de O que é uma família? (1975)

Gustavo Henrique do Amaral Goes²
Lucas Gabriel Torquato³

Como o historiador francês Philippe Ariès argumenta, todos nós somos, em certo sentido “(...) tentados a crer que o sentimento de família e a sociabilidade não eram compatíveis, e só podiam se desenvolver à custa um do outro” (ARIÈS, 1981, P. 274), como se a instância da família e da socialização não tivessem nenhuma relação.

No entanto, o que queremos mostrar neste artigo é, como sociólogos têm demonstrado, que a Família é, por excelência, a instituição social mais básica e primária na vida de todo indivíduo. Mas o que são instituições sociais?

As instituições sociais são instâncias de poder que determinam o que pode e o que não pode ser feito. Além disso, as instituições sociais definem, em grande parte, os nossos papeis na sociedade e podem fornecer determinados padrões de comportamento. O Trabalho (assalariado ou não) e o Estado civil são exemplos desses tipos de instituição social de poder.

A grande diferença da Família é que ela ocupa o posto de instituição mais básica, responsável pela chamada socialização primária, que é o ato do primeiro contato de um indivíduo com grupos de associação. É importante destacar que não falamos de Família no sentido direcional e histórico do termo, onde a compreensão do “ser uma família”, evidentemente, pode tomar distintas formas na sociedade do século XXI.

Nos referimos ao conceito de Família da perspectiva biosocial, também denominada de “família nuclear”. Como argumenta o sociólogo britânico, desenvolvedor da Teoria da Estruturação Anthony Giddens (1938-), a Família, vista deste ponto de vista, pode ser definida como “(...) um grupo de pessoas ligadas diretamente por conexões de parentesco, cujos membros adultos assumem responsabilidade por cuidar das crianças. (...) Em praticamente todas as sociedades, podemos identificar o que os sociólogos e antropólogos chamam de família nuclear, dois adultos que vivem juntos com seus filhos próprios ou adotados em um lar.” (GIDDENS, 2012. p. 242).

Essa estrutura de “família nuclear” é, sobretudo, uma instituição de poder e de influência, por ser responsável pelo ensino da linguagem — instrumento fundamental para dar sentido ao mundo em que a criança vive  —, pelo ensino de normas  dos limites de ações positivas e negativas existentes em toda instância social —, ensino de valores, caráter, criação da personalidade e pelos primeiros testes e experiências com desafios relacionais (ou seja, sociais), de uma criança.

Logo, a “família nuclear” é uma instituição social importantíssima não apenas para a formação do sentimento de pertença no mundo e de desenvolvimento inicial do indivíduo social (homo socius), mas também para as primeiras manifestações de capacidades ou dificuldades de integração do indivíduo na sociedade.

Para concluir, queremos mencionar que, no contexto do século XXI, a “família nuclear” enfrenta uma série de desafios que impactam sua função, influência e dinâmica. Um desses desafios é a digitalização das relações, com a quase onipresença das tecnologias de informação e comunicação.

As crianças e os adolescentes estão cada vez mais imersos no mundo virtual, expostos a influências que são capazes de moldar a identidade e os valores dessas classes. Ou seja, a “família nuclear”, com o advento da tecnologia digital, divide com as redes sociais no seio do lar, o papel crucial da formação da personalidade e do desenvolvimento emocional e social dos filhos.

Em alguns casos, as redes sociais possuem até mais poder de influência na formação da personalidade, linguagem e valor da criança do que a própria família, especialmente em lares onde os uso de aparelhos digitais possuem predominância nas atividades domésticas desde a mais tenra idade.

Apesar disso, o ambiente da “família nuclear” permanece sendo o campo de poder ainda mais influente do que as mídias digitais, dado o contexto íntimo e afetivo de sua própria estrutura, com um alto poder de impacto psicológico e afetivo.

(¹Família: instituição básica de integração social) [1] Resultado do Trabalho Científico produzido para a Avaliação Formativa de Sociologia do 1º Semestre.

[2] Aluno da 1ª série 1 do Colégio Sagrado Coração de Jesus.

[3] Aluno da 1ª série 1 do Colégio Sagrado Coração de Jesus.


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