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É possível ter empatia pela perda do Outro?


Por: Rogério Luís da Rocha Seixas
Data: 19/11/2020
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Ao colocar como um questionamento, o título desta nova expressão de ideias, quero convidar aos que gentilmente acompanham estas reflexões, para nos voltarmos mais uma vez ao acontecimento mais essencial em nosso momento presente: a pandemia da Covid-19. Todos ou penso que a maioria se cansou do vírus, mas tudo indica que este não se cansou de nós. E nesta nova exposição e debate com vocês, coloco um ponto para refletirmos: qual nosso grau de responsabilidade pela persistência e permanência da pandemia? Alguém pode então indagar: mas qual a ligação entre esta pergunta com a temática proposta no título deste artigo? Inicialmente, necessito esclarecer o que se pode compreender como sendo “empatia”. De modo direto a empatia pode ser compreendida enquanto ação de se colocar no lugar do outro, buscando sentir o que o outro está sentindo, colocando-se no lugar dele para assim compreender o que ele está passando e entender as condições que está enfrentando, para respeitar o que este sente e compartilhar com ele por exemplo, uma grande situação de dor pela perda de alguém amado. Pelo sentido moral, a empatia leva as pessoas a ajudarem umas as outras. Estabelece-se uma forte solidariedade. Desta forma, quando conseguimos sentir a dor ou o sofrimento do outro, ao nos colocarmos no seu lugar, desperta-se o desejo de auxiliar e de agir seguindo preceitos morais como o de responsabilidade e respeito à vida.

Creio que consegui chegar em boa parte no alvo de minha exposição e reflexão apresentada: estamos conseguindo ter empatia pela dor das pessoas em outros e principalmente em país, pela perda de entes queridos nesta pandemia? Quando saímos às ruas sem máscara. Quando nos encontramos em aglomerações como em bares e praias. Ao não seguimos as regras mais básicas de prevenção, estamos praticando alguma empatia ou a indiferença e o individualismo, se expressam de modo mais intenso? Parece um julgamento de minha parte, mas longe disso, quero apenas desenvolver uma reflexão, para um momento tão doloroso e terrível para muitos, mas que aparentemente para alguns, praticamente nada aconteceu ou acontece. Destaco uma situação concreta que vivi: em meu prédio, um vizinho simpático, tranquilo, trabalhador, o “gente boa”, como se diz no popular, bem mais jovem do que eu, que me encontro na casa dos cinquenta anos, foi vitimado logo no início da pandemia. Deixou esposa e uma filha de catorze anos. Neste período de pandemia, a esposa deste vizinho, perdeu seu pai para o coronavírus. Enfim, a dor de perder o marido e o pai, pode ser desrespeitada pelas atitudes indiferentes e irresponsáveis de pessoas que não podem ou não querem se colocar no seu lugar de dor? Penso que se assim for, mesmo quando o Coronavírus se for, ficará comprovada a existência de outras pandemias mais graves.

Rogério Luis da Rocha Seixas

Rogério Luís da Rocha Seixas

Rogério Luís da Rocha Seixas é Biólogo e Filósofo Docente em Filosofia, Direitos Humanos e Racismo Pesquisador do Grupo Bildung/IFPR e-mail: rogeriosrjb@gmail.com


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