Ao colocar o título deste texto enquanto uma pergunta que faz referência a pandemia que estamos enfrentando, quero ressaltar que ainda estamos nela, mas penso há questões que se fazem urgentes.

Uma delas, eu creio refere-se a como ficará a democracia em sua configuração nas diferentes sociedades pós-pandemia?

Não se tem a intenção aqui de se realizar um exercício de futurologia, mas podemos refletir alguns aspectos possíveis. Um deles é a forte influência das estruturas de vigilância e controle sobre a saúde dos corpos.

As intervenções de higiene e saúde, implementadas por ações políticas e legais, afetando direitos dos cidadãos, empregadas por diferentes governos, visando conter a pandemia, poderão se tornar de tal modo frequentes em nome de se evitarem novas doenças, sendo empregados para ações de intervenção política no corpo social? A vigilância cibernética, promovida pelas redes sociais, já tão intensa, tenderá a se intensificar ainda mais, praticamente anulando a nossa privacidade e mobilidade? Tais mecanismos não serão tentadores para rompimento com o compromisso democrático e mais enrijecimento absolutista ou ditatorial, mais moderados ou mesmo mais intensos? 

Peço desculpas se formulei mais questionamentos a partir da indagação principal, mas penso que devemos nos preparar não mais para a volta a normalidade, mas a pós-normalidade e se a democracia em sua generalidade, enfrentava problemas em suas práticas e bases, após um advento de ruptura com o dito normal, como se apresenta o Coronavírus, certamente as nossas democracias necessitarão reformular-se e recriar-se, para conseguirem permanecer e não perecerem, quando a pandemia se for.