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Democracia e Violência


Por: Rogério Luís da Rocha Seixas
Data: 07/01/2021
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Inicialmente, um feliz 2021 para os que gentilmente participam da exposição de ideias e das reflexões que tecemos juntos. Bem! O título desta exposição inaugural de ano-novo, faz referência ao acontecimento que marca o início deste novo ano: a invasão do Capitólio nos EUA. Quero ressaltar que meu objetivo ao desenvolver discussão sobre o ocorrido em terras norte-americanas, serve como exemplo bem contundente, para se refletir sobre uma questão mais geral: a crise na estrutura da Democracia que a fragiliza cada vez mais em todas as sociedades. O que aconteceu no caso do capitólio, na forma de um espetáculo grotesco e irresponsável, em meio a uma pandemia, revela uma prática antidemocrática mais e mais comum: a da violência. Uma forma de violência que une brutalismo e autoritarismo. Que se sustenta na intolerância e ódio ao espaço de liberdade e a diversidade de opiniões. Violência que insufla o fanatismo e as ações de brutalidade grotesca como assistimos na invasão do Capitólio.  O regime democrático, assim como qualquer tipo de regime político, apresenta falhas e limitações. Mas penso que é o único que permite a renovação no governar. Que de algum modo, ainda abre espaço para contestações e debates. Que a partir de desacordos, pode levar a acordos. Que possui abertura para uma participação política mais direta. Contudo, temos observado ecos de violência que recrudescem no interior de sociedades democráticas e inclusive percebemos o surgimento de democracias que de fato não são tão democráticas assim. Retomando o ocorrido nos EUA, se a democracia abre espaço para a escolha de representantes e a sua troca, o atual mandatário que será substituído, devido à importância de seu cargo, deveria respeitar o processo democrático que aparentemente, transcorreu segundo a vontade popular, embora o atual presidente se recuse a reconhecer o resultado do pleito. Ao se apelar para o uso da violência para se manter o poder na política, a própria condição da política é destruída, pois o verdadeiro poder é enfraquecido e perdido, pois o poder é do povo e assim a democracia é desestabilizada. Como cita a filósofa Hannah Arendt:” A forma extrema de poder é o Todos contra Um, a forma extrema da violência é o Um contra Todos” (SV, p.35). Desta forma, penso que em geral devemos nos esforçar para manter as condições de uma sociedade democrática, apesar de seus conflitos e problemas.

 

Rogério Luís da Rocha Seixas

Arendt, Hannah. Sobre a Violência. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1994.     

Rogério Luís da Rocha Seixas

Rogério Luís da Rocha Seixas é Biólogo e Filósofo Docente em Filosofia, Direitos Humanos e Racismo Pesquisador do Grupo Bildung/IFPR e-mail: rogeriosrjb@gmail.com


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