Brasil Soberano contra toda interferência estrangeira
Renato Nunes Bittencourt, Doutor em Filosofia pela UFRJ
Roberto Nunes Bittencourt, Doutor em Letras pela UFRJ
Quando a soberania vira moeda de troca, a democracia corre risco
As recentes movimentações políticas e econômicas dos Estados Unidos da América, especialmente sob a retórica agressiva do trumpismo, revelam um projeto de dominação disfarçado de pragmatismo. Tarifas, sanções e chantagens diplomáticas tornam-se instrumentos para dobrar nações que ousam seguir caminhos próprios. O Brasil está, mais uma vez, no centro desse jogo desigual. A América Latina não é o quintal dos EUA, apesar das interferências históricas do país em nosso cenário geopolítico
A proposta ventilada por figuras como Steve Bannon — de que o Brasil deveria anistiar golpistas para, em troca, ganhar alívio nas taxações comerciais — escancara o que está em jogo: não é comércio, é controle. Não é diálogo entre nações, é imposição de valores e interesses que não nos pertencem.
Esse tipo de interferência escancara o desrespeito à nossa soberania. Reduzem o Brasil a peça de barganha, como se princípios democráticos fossem negociáveis. Como se a nossa memória, nossa justiça e nosso futuro pudessem ser vendidos em nome de vantagens comerciais.
É preciso ter clareza: qualquer país que exige submissão política como condição para relações econômicas está exercendo poder imperial. E qualquer governo brasileiro que aceite isso, em silêncio ou por conveniência, trai o princípio mais básico de uma república: a autodeterminação do seu povo.
A soberania não é símbolo nacionalista vazio. É a condição mínima para existir com dignidade num mundo desigual. Defender a soberania do Brasil hoje é recusar interferências externas — e também os cúmplices internos que aceitam calados a chantagem estrangeira.