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Amigos ricos e amigos pobres


Por: Dr. Felipe Figueira
Data: 10/04/2025
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              Da minha época de estudante e educação básica, tanto na Escola Santa Terezinha quanto na Fundação Bradesco, em Paranavaí, guardo boas lembranças e amizades. Tenho tanto conhecidos e amigos que cursaram alguma graduação e se concursaram quanto outros que não concluíram o ensino médio. A vida é assim. O que seria do mundo se todos fossem iguais? O mundo não existiria. Antecipo que neste artigo corro o risco de generalizações e maniqueísmos, mas conto sempre com o bom senso do leitor para interpretá-lo – e não sou alguém que promove a naturalização das diferenças.

          Desde que me tornei professor federal, em janeiro de 2012, muitas coisas mudaram em minha vida, sobretudo em matéria de oportunidades. Já conheci vinte e sete países e a maior parte dos estados brasileiros. Tudo isso se deu sob o custo de renúncias, afinal, todas as viagens foram às minhas custas. Para dizer o óbvio: para eu viajar não era possível trocar de carro a cada dois anos ou ter uma casa própria aos trinta. Faz parte.

          De quando em quando eu encontrava algum colega bem empregado, com bom carro e boa casa própria, que me perguntava em tom de especulação:

- Quantos você ganha? Eu queria ter a sua vida também.

          Nunca falei qual o meu rendimento. Na verdade, como sou servidor público, há o Portal da Transparência, basta conferir. Mas, o que me incomoda em tais especulações é que a pessoa, não raro, tem mais condições materiais do que eu, só que por causa de alguma mania esmolar, nunca está contente e inveja o outro. Estes são os amigos (?) ricos (?).

          Por outro lado, tenho amigos que mal concluíram o ensino médio, não têm carro ou casa própria, recebem um salário baixo e levam a vida sem grandes especulações da vida alheia. Imagino que possam sentir incômodo em certas ou em muitas ocasiões, mas destes amigos a especulação sobre a minha vida é coisa rara. Estes são os amigos pobres (?).

          Quando Moisés perguntou a Deus como que iria apresentá-lo, Deus apenas disse: “Eu sou”. De tal passagem bíblica fico a imaginar que a melhor resposta a dizer aos especuladores é: eu sou o que sou, você é o que é e ponto final.

Dr. Felipe Figueira

Felipe Figueira é doutor em Educação e pós-doutor em História. Professor de História e Pedagogia no Instituto Federal do Paraná (IFPR) Campus Paranavaí.


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