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A masculinidade respira por aparelhos


Por: Fernando Razente
Data: 15/01/2019
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Sentença: “Meninos que, por alguma razão, resistem às tentações da frouxidão masculina imediatamente se encontrarão em guerra com a cultura em geral. Meninos devem ser protegidos contra essa investida, enquanto são treinados para proteger e defender-se.” – Douglas Wilson in Futuros Homens – criando meninos para enfrentar gigantes, p.31. 

A recente declaração de Damares – ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos – sobre como o governo orienta os pais e a sociedade no tratamento dos garotos da nação me chamou muita atenção: “Vamos tratar meninas como princesas e meninos como príncipes.”, disse a ministra evangélica. Isso significa que, na visão do governo atual, os nossos meninos representam nossos futuros soldados, governantes, empreendedores, pais de família, intelectuais etc. Essa é a leitura tradicional da literatura sobre príncipes e castelos. E, para tais funções que envolvem a prática da responsabilidade em proteger, prover, amar e liderar, é preciso que nós reforcemos nos garotos o seu aspecto masculino, o seu chamado natural de força e bravura.

É evidente que a necessidade de reforçar a ideia de que nossos meninos são príncipes (futuros “reis”) é devido ao avanço da cultura política de esquerda, que ora incute aos meninos aspectos femininos, ora justifica (e não corrige) em tons de “liberdade”, a má orientação sexual dos garotos.

Durante longos anos da história humana um costume foi solidificado não por aspectos econômicos ou preconceituosos. O costume do pater famílias [pai de família]. Esse aspecto organiza a sociedade em hierarquia. Pai, mãe e filhos. O homem na figura do pai é a peça da família responsável pela liderança, pelo provimento (físico e espiritual), pela proteção e organização. A forma de ver nos nossos meninos futuros homens em formação, como advogados, políticos, empreendedores, professores, militares e pais de família (!) etc., nasceu há muito tempo, e durante vários milênios de anos essa forma de ver tem obtido resultados grandiosos na civilização, como as maiores decisões e ações de homens em proteção às suas respectivas famílias e comunidades. Vá aos livros de história, e faça um exame cuidadoso se perguntando: quais aspectos foram responsáveis pela salvação das mulheres e crianças de tal e tal sociedade em guerra? Você verá que foi a bravura e a tenacidade – isto é, a masculinidade. 

A revolução cultural que tende a transformar esses aspectos tradicionais e desmasculinizar nossos futuros homens tem como expoente, segundo Roger Scruton, o movimento feminista. Roger Scruton é, nos dias atuais, a maior referência do pensamento conservador clássico. No outono de 1999, Scruton publicou no City Journal seu artigo que leva o título de “Masculinidade Moderna”. Nele, o pensador inglês faz uma crítica ao patrulhamento feminista que demoniza os anseios dos garotos em cuidar e prover e a posição social dos meninos defendida pela tradição. Até mesmo as coisas mais simples como abrir a porta de um carro para uma mulher, o feminismo tratou de considerar manifestação machista. Bom, isso é uma maneira muito tonta de proteger as mulheres, pois ao torná-los (os garotos) mais inofensivos, meigos e libertos de sua função de governar, as próprias mulheres é que são prejudicadas. Vejamos isso.

Scruton escreveu: “As feministas têm farejado o orgulho masculino onde quer que ele tenha crescido e o arrancado impiedosamente. Sob pressão, a cultura moderna tem diminuído ou rejeitado tais virtudes masculinas como a coragem, tenacidade e bravura militar em favor dos hábitos mais suaves...”  Segundo o próprio Scruton, essa perseguição feminista tende a nos fazer pensar que a masculinidade é algo desnecessário, mas ao observarmos os resultados ficamos cada vez mais certos de que esses valores propriamente masculinos precisam ser reforçados e aperfeiçoados nos nossos príncipes: “...muitas crianças já crescem sem reconhecer nenhuma fonte de amor, autoridade ou de orientação além da mãe, cujos homens vêm e vão como trabalhadores sazonais, vagando pelo reino matriarcal, sem perspectiva de uma posição permanente.”

Existem consequências na desmasculinização dos garotos através de uma educação infantil feminista em escala nacionais, cito uma, o caso do protesto de homens na Holanda. Depois de que mulheres sofreram ataques sexuais em massa na Alemanha, “homens” holandeses decidiram prestar apoio a essas vítimas de maníacos machistas. O protesto consistia em homens nas ruas holandesas andando de minissaias, pernas cabeludas de fora e aparatos visuais em meio a barbas. A jornalista dinamarquesa Iben Thranholm foi convidada para comentar sobre a eficácia de tal protesto, ao que disse: “o feminismo militante está atuando há décadas e agora vemos as consequências. Que muitos homens são educados para serem como mulheres e agirem como mulheres, com mentalidade dócil. Para uma cultura funcionar adequadamente é preciso equilíbrio entre virtudes femininas e masculinas. Agora que as virtudes masculinas se foram vemos o problema. (...) Agora você vê que não há nenhum homem que possa ficar de pé, que possa lutar, lutar em respostas a essas agressões que mulheres enfrentam.”

A jornalista explica que a sociedade europeia está carecendo de poder masculino para defender a sociedade, e que por isso as mulheres estão ameaçadas por radicais islâmicos e homens machistas (uma visão deturpada da masculinidade). Políticos, chefes de estado, homens de grandes cargos, professores e pais estão cada vez mais efeminados e por isso não se sentem seguros para ir à luta e manifestarem seus instintos naturais de defensores e patronos das meninas e das mulheres. “A infelicidade dos homens decorre diretamente do colapso de seu antigo papel social como protetores e provedores”.

 A consequência é que as mulheres, por (na maior parte delas) serem biologicamente mais frágeis, sofrem nas mãos de homens cruéis e pervertidos. Não poucas mulheres lamentam hoje a falta de protetores. Muitas pedem que os homens “arriem suas calças” e defendam suas casas, mas hoje eles preferem vestir saias. 

Nossos garotos são futuros homens, futuros políticos, policiais, soldados e líderes na comunidade. Se permitirmos que o feminismo e outras teorias arranquem a bravura e a responsabilidade inerente aos pequenos príncipes de estarem à frente na proteção, amor e cuidado da sociedade, nossas princesas sofrerão nas mãos de monstros, e isso não é conto de fadas. Infelizmente a masculinidade infantil respira por aparelhos. Precisamos recuperá-la, reeducando a base da sociedade, a molecada. 

 Obra: WILSON, Douglas. Futuros Homens. 2ª edição. CLIRE, 2012. 

Fernando Razente

Amante de História, atuante com comunicação e mídia, leitor voraz e escritor de artigos de opinião e matérias jornalísticas.


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