Ao longo de décadas de estudo sobre o comportamento humano, a ciência tem evidenciado que uma saúde plena está além de viver sem remédios ou sem doenças físicas. A saúde da mente tem sido incorporada como aspecto significativo de uma vida saudável, uma vez que é parte integrante e fundamental à manutenção das funções psíquicas e orgânicas. Em todo o mundo cerca de 450 milhões de pessoas sofrem de desordens mentais segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), essa condição, ainda hoje, levanta alguns estigmas e preconceitos na realidade de quem enfrenta problemas em relação à saúde mental e que, no entanto, precisam ser esclarecidas e desmistificadas, uma vez que se trata de aspectos inerentes à realidade humana. Neurocientistas afirmam que praticas de exercícios mentais tem sido relacionados a melhor qualidade de vida além de comprovadas alterações estruturais cerebrais ligadas à memória, cognição, aprendizado, tomada de decisão, estresse entre outros.

Os desafios do cotidiano fazem parte da vida humana, seja um planejamento que não saiu como esperado, demandas do trabalho, dos filhos, da vida conjugal, a própria pandemia de Covid 19, enfim, muitos são os contratempos do dia-a-dia, cultivar o equilíbrio mental e emocional se fazem essenciais para o enfrentamento dessas condições. Preocupações excessivas, pensamentos em demasia, estresse, insônia, são apenas alguns dos sinais de que o cuidado com a saúde da mente deve ser priorizado.

Contextualmente há a necessidade de superar mitos e conceitos errôneos a respeito da saúde mental, pois frases como “doenças mentais são frutos da imaginação”; “distúrbios psicológicos é coisa de louco”; “ansiedade é falta do que fazer”, entre outras, apenas reflete ideias baseadas em conceitos não esclarecidos, o que muitas vezes impede as pessoas de procurar auxílio especializado que as ajudem em sua recuperação e autonomia para melhor lidar com as questões mentais e emocionais do cotidiano.

De maneira geral os transtornos mentais são influenciados por fatores genéticos, psicológicos, sociais e ambientais, sendo cerca de 30% relacionado a fatores genéticos e os demais 70% ligados a aspectos modificáveis pelo ser humano. Destaca-se aqui o ponto de partida para o bem estar mental e consequentemente físico, o próprio indivíduo. 

Nesse sentido, é válida a antiga premissa de Sócrates, filósofo grego, que orientava: “Conhece-te a ti mesmo”. Através da auto-observação, de perceber como a mente esta a todo o momento carregada de pensamentos oriundos do passado ou do futuro ao invés de focada no momento presente, que por sua vez, é onde se constrói o amanhã; é possível dar o passo inicial para se obter o equilíbrio mental e alcançar uma mente mais silenciosa, haja vista que o bom estado mental confere ao homem uma convivência familiar e social mais harmônica, assegura o amplo exercício de seus direitos sociais e principalmente reflete em uma vida mais feliz.

Contudo é evidente que desenvolver a autonomia para lidar com os importunos do dia-a-dia está estritamente relacionado ao cuidado com a mente, para tanto, faz-se necessários praticas de exercícios mentais como a atenção plena ao momento presente, ao respirar de forma consciente, iniciar com algumas pausas ao longo do dia para checar como esta a sua mente, e como torna-la mais presente, além de buscar tratamento especializado, se necessário, para então se alcançar o estado de equilíbrio mental e a partir disso gozar de uma vida mais plena.