A cada nova eleição, as cidades ao redor do país se vêem envoltas em um cenário político repleto de expectativas, promessas e, infelizmente, nem sempre uma busca sincera pelo bem comum. Em Nova Esperança, não é diferente. A recente enxurrada de pré-candidaturas a prefeito, vice-prefeito e vereador na cidade deixa claro que o jogo político já começou. Contudo, é importante refletir sobre os reais propósitos por trás dessa corrida eleitoral.

Na semana passada, o Jornal Noroeste foi procurado por uma figura conhecida da cidade que anunciou sua pré-candidatura a prefeito. De lá para cá, outras pessoas também se apresentaram como pré-candidatas, sinalizando a tradicional movimentação que precede as convenções partidárias. Embora seja um fenômeno recorrente em todas as eleições, a multiplicidade de pré-candidaturas gera questionamentos sobre as verdadeiras motivações dos postulantes aos cargos políticos.

Não se pode negar que a busca por visibilidade na mídia, a exemplo deste Jornal, é uma das principais razões para esse fenômeno. A presença constante na imprensa e a exposição pública podem conferir vantagens aos pré-candidatos em termos de reconhecimento e simpatia dos eleitores. Afinal, em uma sociedade onde a imagem fala mais alto que as propostas, ter seu nome constantemente associado aos noticiários pode ser um diferencial na disputa.

Outro fator que pode estar por trás da enxurrada de pré-candidaturas é a formação de alianças políticas. Muitos pré-candidatos colocam seus nomes à disposição para compor chapa com outros partidos ou lideranças políticas. Nesse contexto, a figura do vice-prefeito e dos vereadores ganha relevância, pois as coligações buscam ampliar sua representatividade para conquistar uma base sólida de apoio e garantir a governabilidade.

Entretanto, é preciso evitar que essas alianças sejam feitas apenas com fins eleitoreiros, em detrimento da afinidade ideológica e do compromisso real com os interesses da população. O eleitor deve estar atento para avaliar se os pré-candidatos estão em busca de uma parceria legítima e coerente, ou se estão simplesmente buscando uma chapa que lhes dê mais chances de vitória.

“É importante que o eleitor esteja atento ao encaminhamento das pré-candidaturas e exija dos postulantes transparência em suas ações e planos de governo”

O filósofo político John Locke (1632-1704), em sua obra "Segundo Tratado sobre o Governo", nos alerta sobre a importância de se refletir sobre as motivações dos aspirantes ao poder. Locke argumenta que o governo legítimo deve ser baseado no consentimento dos governados, e a ambição pessoal não pode se sobrepor ao bem comum. Ele nos lembra que "onde não há propriedade, não pode haver governo de acordo com a vontade de Deus."

Ao observar a proliferação de pré-candidaturas, é inevitável questionar a genuína preocupação dos possíveis postulantes com os interesses da população. Será que suas intenções estão realmente voltadas para o serviço público e o bem-estar coletivo, ou o desejo de poder e prestígio se sobrepõe a qualquer outra motivação?

O exercício do poder sem o compromisso com a justiça e o bem comum pode levar a consequências nefastas para a sociedade. Por isso, é crucial que os pré-candidatos reflitam sobre suas motivações e objetivos. Não podemos esquecer as palavras do filósofo político Maquiavel (1469-1527), em sua obra "O Príncipe", quando diz que "os fins justificam os meios." Essa máxima tem sido usada como justificativa para práticas políticas questionáveis ao longo da história, mas é fundamental compreender que ela não pode ser uma licença para ações antiéticas.

É imprescindível que os pré-candidatos deixem de lado o jogo de interesses pessoais e pautem suas ações em princípios éticos e democráticos. É necessário que eles se coloquem verdadeiramente a serviço da comunidade, ouvindo suas necessidades e buscando soluções reais para os problemas enfrentados pela cidade.

O período de pré-candidaturas em Nova Esperança é uma oportunidade para refletirmos sobre o verdadeiro significado da política e o papel dos políticos na sociedade. É preciso deixar de lado os interesses pessoais e abraçar o compromisso com o bem-estar coletivo. Somente assim poderemos construir uma sociedade mais justa e democrática, em que o poder seja exercido com responsabilidade e em benefício de todos.

“É o que os homens pensam que determina sua maneira de agir” - John Stuart Mill (1806-1873)

·       Alex Fernandes França é Administrador de Empresas, Teólogo, Historiador e Mestrando em Ensino pelo PPIFOR – UNESPAR