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A adolescência e os seus conflitos: qual a responsabilidades dos pais?


Por: Simony Ornellas Thomazini
Data: 27/09/2019
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Várias transformações incontroláveis e involuntárias ocorrem com a chegada da puberdade. Com isso, a criança é impulsionada para a maturidade. É uma fase que é vivida com lutos. Luto pelo corpo infantil que é perdido, assim como o seu papel e identidade mudam, o luto pelos pais que eram idealizados, e alguns outros numa tentativa de construção a uma identidade própria. 

Na adolescência, eles buscam novos modelos tais como ídolos, sonham acordados, imitam, e também temem uma aproximação e invasão dos pais. É aquele famoso momento em que eles começam a sentir-se envergonhados quando os pais aproximam-se de uma roda de amigos, por exemplo. O beijo dado antes de ir para a escola é censurado. Agora, eles cresceram e precisam demonstrar isso a todos. 

Há muitas progressões e regressões nesse processo evolutivo. E é preciso muita paciência por parte dos pais na compreensão disso.  Devido a essas inúmeras transformações que ocorrem com eles, é muito comum que atravessem esse período com um sentimento de profundo vazio muitas vezes ligados a culpa, medos ou outras manifestações relacionadas aos pais.

Essas dificuldades que são típicas desse processo podem, no entanto, desencadear  em outras crises mais graves como depressão, pânico, transtornos alimentares, quadros obsessivos, dentre outros.

Nessa fase é de extrema importância a criação e fortificação de laços, tanto em relação à família, quanto as amizades. Quando isso não acontece, ou ocorre de forma muito falha, o adolescente que já está vivenciando as transformações naturais da idade, acaba sucumbindo com estes outros agravamentos. Esses laços falhos serão buscados por eles de outras formas. 

Com isso, frente a algumas manifestações de frustrações e angústia, alguns adolescentes optam por algumas fugas. Alguns optam por dormir demais, outros buscam o uso de álcool e outras drogas, dentre tantas outras saídas que são muitas vezes destrutivas.

As depressões na adolescência estão relacionadas a feridas anteriores e estão frequentemente ligadas a atitudes de fracasso, sentimento de incompetência e rebaixamento da autoestima.

Há ainda alguns adolescentes que são bastante maduros, porém são marcados por frustrações afetivas criando inúmeras defesas para aplacar seus vazios e fragilidades. Esses vivem “depressões encobertas”. E é preciso muito cuidado aos sinais que são discretos, mas não passam despercebidos por pais atentos e educadores humanizados.

Na atualidade vemos com muita frequência pais fragilizados, imaturos, mal-orientados e com conflitos psíquicos que acabam muitas vezes respigando nos filhos. Esses pais não conseguem serem modelos de identificação. 

Situações como essas geram agravamentos nas relações entre pais e filhos, pois uma vez em que os adolescentes não conseguem identificar-se aos pais, e estes pais não podem estar presentes - entendendo essa presença como falha em relação ao cuidado, afeto e proteção - mais esses adolescentes sentirão dificuldades em separar-se deles posteriormente. 

Diante disto, é necessário o olhar atento, a empatia em compreender os processos evolutivos da adolescência por parte dos pais, bem como das pessoas à sua volta, e o encaminhamento a ajuda psicológica quando percebido sinais de depressão, pânico, transtornos alimentares, dentre outros conflitos emocionais. 

A adolescência já traz consigo extremas perturbações, e os pais, portanto, responsáveis por eles, precisariam apoiá-los durante esse processo. 

 

Atua como psicóloga no CRAS (Centro de Referência da Assistência Social) em Uniflor, e psicanalista na Fênix Desenvolvimento Humano em Nova Esperança. 

Simony Ornellas Thomazini


Anuncie com Jornal Noroeste
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