Mocotó: outrora, alimento de escravos, hoje, faz parte do cardápio dos melhores restaurantes

O mocotó é uma excelente fonte de colágeno, uma proteína muito importante para a saúde da pele, cabelos, unhas, ossos, sistema imunológico, articulações (reduz os riscos de artrose, osteoartrite, osteoporose) e ajuda a manter a elasticidade da pele (Foto: @coisasdevooficial)
Mocotó, palavra originário do tupi-guarani, é um prato conhecido pelo seu sabor marcante, requinte e servido em muitos dos melhores restaurantes brasileiros
Porém, o que pouca gente sabe é que o mocotó foi uma invenção dos escravos negros brasileiros. Segundo a história, teria a sua origem provavelmente nas charqueadas do Rio Grande do Sul, onde do abate do gado bovino, as partes destinadas ao preparo do charque (carne seca, ou carne salgada) eram separadas bem como destinadas as mesas dos senhores fazendeiros e proprietários de escravos. O restante das partes desossadas do animal, como as patas, canelas, vísceras, por exemplo, seriam desperdiçadas. No entanto, os escravos utilizavam essas partes para o seu sustento e complemento alimentar. Rico em nutrientes, o mocotó foi valorizado pela sua capacidade de fornecer sustância para o trabalho duro. Assim o mocotó representa uma importante tradição cultural que remete à história da escravidão no Brasil.
Hoje, o mocotó (caldo ou ensopado) é apreciado em todas regiões do Brasil, com cada lugar com a sua receita original. Feito a partir da parte das canelas e patas do boi (muitos usam também as canelas de porcos), é considerado uma das refeições mais saudáveis e nutritivas pois estão presentes as cartilagens, tendões e tutano (parte interna do osso) e é justamente nessas partes é que estão presentes as proteínas, vitaminas, sais minerais, sendo extremamente resistentes, pois fornecem o sustento do corpo do boi.
Portanto, o mocotó é um excelente fonte de colágeno, uma proteína muito importante para a saúde da pele, cabelos, unhas, ossos, sistema imunológico, articulações (reduz os riscos de artrose, osteoartrite, osteoporose) e ajuda a manter a elasticidade da pele e reduzir rugas, tornando um grande aliado contra o envelhecimento, sendo útil a pessoas que desejam manter a aparência jovial e saudável O colágeno é encontrado no mocotó e pés de galinha. Cada 100 gramas de mocotó fornece 5 gramas de colágeno. Cada 100 gramas de pés de galinha, resulta 3 gramas de colágeno.
O segredo para extrair eficientemente o colágeno do mocotó é submete-lo a um cozimento lento, em fogo baixo e prolongado (várias horas), permitindo que o colágeno se dissolva gradualmente na preparação, resultando em um caldo enriquecido.
É do tutano do osso (parte interna do osso) que são fornecidas gorduras boas, vitaminas A, D, E e K, que são poderosos antioxidantes minerais como o zinco que beneficia o sistema nervoso central, também o cálcio, fósforo, magnésio, sódio e potássio, outros minerais e vitaminas.
Muitas pessoas fazem críticas ao mocotó por ser uma fonte de gordura saturada e colesterol, digestão difícil, o que pode contribuir para o aumento do colesterol LDL, o chamado colesterol ruim no sangue, aumentar o risco de doenças cardíacas, especialmente se consumir em excesso, como também aumentar de peso. É importante diante dessa preocupação que o mocotó não deve ser a principal fonte de proteína em sua dieta e que você não deve consumi-lo em excesso. Evite de comer uma porção maior do que 150 gramas e também é contraindicado para pessoas com problemas de saúde como doenças cardíacas, colesterol alto, diabetes, gastrites, refluxo gastroesofágico, hipertensão, etc.
Pegue uma receita, faça o seu caldo de mocotó e consuma com moderação e é uma opção rica em nutrientes benéficos para o organismo.
Dr. Juarez de Oliveira é Médico da Estratégia Saúde da Família (ESF) de Nova Esperança (PR)