Miopia: o que fazer para a doença não evoluir para um glaucoma?
Segundo a instituição, os míopes podem se tornar metade da população mundial até 2050; com o tratamento, é possível evitar a perda da visão
O Brasil celebrou no último dia 26 de maio o Dia Nacional de Combate ao Glaucoma, uma das principais causas de cegueira irreversível em todo o mundo. No entanto, o que pouca gente não sabe é da ligação da doença com a miopia, que atinge 2,6 bilhões de pessoas no mundo, segundo dados da Organização Mundial de Saúde.
De um modo geral, a miopia não provoca sérios danos à saúde. Entretanto, o alongamento da córnea ou do globo ocular causado pela mesma torna o indivíduo mais suscetível a transtornos graves, como descolamento de retina, catarata e o próprio glaucoma.
E nos últimos anos, o aumento da taxa de progressão da miopia, agravado pela pandemia, tem preocupado especialistas em todo o mundo. Se não for tratada, os pacientes podem entrar para as estatísticas da Organização Mundial de Saúde (OMS), de 39 milhões de cegos no mundo.
Principal característica da doença, a dificuldade em enxergar de longe pode ser percebida pelo próprio indivíduo, é facilmente diagnosticada em consultório e tratada com o uso de lentes corretivas. Conheça tudo sobre essa condição:
O que é a miopia
A miopia é o erro de refração ocular mais comum no mundo. Ela ocorre quando as imagens se formam à frente da retina, e não diretamente sobre ela, o que acontece devido a um alongamento da córnea ou do globo ocular.
O resultado é uma visão desfocada, que prejudica a visualização de objetos e imagens que estão distantes do indivíduo.
Qual é a incidência da doença
A OMS estima que, em todo o mundo, o número de indivíduos com miopia seja de 2,6 bilhões.
A incidência do transtorno vem aumentando de forma preocupante. Em 2000, essa população representava 23% do total, em 2020, eles já eram 33%. Se a tendência continuar, os míopes serão metade da população em 2050.
Entre os brasileiros, a OMS afirma que há 59 milhões de pessoas diagnosticadas com miopia, o equivalente a quase 25% dos habitantes.
O Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) destaca que, durante a pandemia, os casos de crianças míopes aumentaram significativamente. Sete em cada dez médicos reportou progressão da miopia no público infantil.
Causas da miopia
O alongamento da córnea ou do globo ocular costuma ter uma propensão genética. Por isso é frequente se deparar com famílias em que genitores e filhos usam óculos.
Entretanto, o tempo de exposição à luz artificial também pode agravar o processo, uma vez que eles forçam o campo de visão imediato.
Como identificar a miopía?
A principal dificuldade de quem tem miopia é enxergar objetos e imagens que estão a uma certa distância, como a lousa ou placas de trânsito. Eles ficam embaçados ou desfocados.
Se não for tratada, com o passar do tempo, os míopes terão, além das alterações de visão, dor de cabeça frequentes causadas pelo esforço para tornar as imagens nítidas.
Um comportamento comum entre as pessoas míopes é a necessidade de semicerrar os olhos com o objetivo de tentar enxergar com mais clareza.
Os sintomas costumam surgir ainda na infância e se complicam quando o indivíduo se torna adolescente.
Como diagnosticar a miopia?
O diagnóstico de miopia é feito em uma visita ao oftalmologista. Em consultório, o profissional de saúde se baseia na queixa do paciente e em exames como os de acuidade visual, pressão intraocular, de refração e fundo de olho.
Além de identificar a miopia, o médico será capaz de indicar o grau de alteração do indivíduo. De forma geral, até 3 graus, a miopia é considerada leve. Entre 3 e 6 graus, é moderada, e, acima de 6 graus, trata-se de miopia grave.
Como tratar a miopia?
O tratamento é individualizado e deve sempre ser indicado por um oftalmologista. A maneira mais simples de tratar é a miopia é com o uso de óculos ou lentes de contato. Eles devem ter lentes esféricas, que vão auxiliar a focar os raios de luz e a formar a imagem sobre a retina.
Desde a década de 70, a cirurgia refrativa também é uma maneira de corrigir de vez ou, ao menos, diminuir a dependência das lentes. No entanto, é recomendado aguardar até que a doença se estabilize antes de realizar o procedimento - o que tende a acontecer por volta dos 18 a 21 anos.
TV é prejudicial?
De acordo com os especialistas, o tempo excessivo de telas como TV, computador, tablet e smartphone compromete seriamente a visão e é responsável pelo aumento nos casos de miopia grave.
O que fazer para evitar a miopia?
Reduzir o tempo gasto em telas, principalmente para as crianças, pode ajudar a evitar a progressão deste erro refrativo.
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) orienta que crianças menores de dois anos não sejam expostas a telas dos equipamentos eletrônicos. As que estão na faixa entre dois e cinco anos podem ter acesso a uma hora diariamente em contato com esses aparelhos. Já aqueles entre seis e dez anos, o recomendado é ter cerca de duas horas por dia com celulares, tablets, televisores e coisas do gênero.
Atividades ao ar livre também são eficazes para colaborar na redução dos casos e nos graus de miopia. Uma pesquisa de 2015 publicada no Journal of the American Medical Association demonstrou que passar 40 minutos ao ar livre por dia diminui em 23% a incidência de miopia.
Quais as complicações?
Na maioria das vezes, a miopia não provoca sérios danos à saúde. Entretanto, o alongamento da córnea ou do globo torna o indivíduo mais suscetível a transtornos graves, como descolamento de retina, catarata e glaucoma.
A OMS alerta, ainda, que a miopia não tratada é a causa principal para a deficiência visual leve e moderada. Ela também é a segunda maior causa da cegueira.
Algumas pessoas podem desenvolver um quadro raro de miopia degenerativa. Nesta condição, o paciente não atinge os 100% de visão mesmo usando lentes com o grau completo, pois o alongamento fez com que as células fotorreceptoras perdessem a sua função. O problema é grave e pode avançar rapidamente para cegueira permanente quando não é devidamente tratado.
Se puder, procure ter sempre um oftalmologista de confiança para tirar qualquer dúvida e ter um acompanhamento médico. Assim, caso as coisas piorem e seja necessário a realização de uma cirurgia de miopia, por exemplo, você já terá o apoio de um profissional capacitado e que conhece as suas particularidades há algum tempo. De quebra, estará se cuidando para não desenvolver o glaucoma, doença degenerativa e que, por tabela, é uma das principais causas de cegueira no mundo.