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Maio Laranja: a cada hora, três crianças são abusadas no Brasil


Por: Alex Fernandes França
Data: 05/05/2025
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Campanha alerta para a urgência de enfrentar a violência sexual contra crianças e adolescentes, muitas vezes cometida dentro de casa.

 Maio Laranja alerta: a cada hora, três crianças são abusadas no Brasil — a maioria dentro de casa e por pessoas próximas - Foto: Freepik/Gerada por IA

A cada hora, três crianças são vítimas de abuso sexual no Brasil. O dado alarmante integra a Campanha Maio Laranja, que busca conscientizar a sociedade sobre o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes, uma das formas mais cruéis e silenciosas de violência. Segundo o levantamento, 51% das vítimas têm entre 1 e 5 anos de idade. E mais: a maioria dos abusos acontece dentro do próprio lar, praticados por pessoas próximas da família.

O Dia Nacional de Enfrentamento ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, celebrado neste ano no domingo, 18 de maio, marca 52 anos do caso Araceli Crespo, menina de apenas 8 anos que foi sequestrada, violentada e assassinada no Espírito Santo, em 1973. O crime bárbaro e impune deu origem à data, que tem como objetivo sensibilizar a sociedade para o enfrentamento dessa violência em todos os seus níveis.

De acordo com a psicóloga Amanda Pinheiro Said, da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, o abuso sexual infantil é especialmente difícil de ser identificado e combatido porque, na maioria dos casos, é cometido por pessoas do convívio familiar. “São o que a gente chama de abusos intrafamiliares. Às vezes, tios de consideração, vizinhos, amigos próximos. É por isso que a maior parte dessas violências ocorre dentro do ambiente doméstico”, explica.

Os números estimam que cerca de 500 mil crianças e adolescentes são explorados sexualmente todos os anos no Brasil, mas apenas 7,5% dos casos são denunciados, o que revela uma subnotificação preocupante. Por isso, é fundamental estar atento aos sinais de abuso, que incluem mudanças bruscas de comportamento, queda no rendimento escolar, retraimento, comportamentos sexuais inadequados para a idade, agressividade ou tristeza constante.

Segundo Amanda, os sinais também podem variar conforme o gênero da criança. “Para meninas, são mais comuns os transtornos alimentares, o choro frequente, o humor deprimido. No caso dos meninos, aparecem mais a agressividade, a raiva.”

O papel do Conselho Tutelar

Em casos de suspeita ou confirmação de violência, o Conselho Tutelar deve ser imediatamente acionado. O órgão é responsável por garantir a proteção das vítimas e aplicar as medidas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Segundo Gustavo Henrique Camargos, presidente da Associação de Conselheiros Tutelares do DF, os dados coletados pelos conselheiros ajudam o governo a direcionar políticas públicas e investimentos. “Identifico os casos de violação, compilo esses dados para o governo saber onde tem que investir o dinheiro para superação das situações de violação de direito em torno da criança e do adolescente”, afirma.

Educação e diálogo como formas de prevenção

Uma das formas mais eficazes de prevenir o abuso, segundo especialistas, é o diálogo aberto com as crianças. Falar sobre o corpo, sobre toques permitidos e não permitidos, e incentivar a autopreservação são estratégias importantes. “Educação sexual não é estímulo à sexualidade precoce, mas sim uma forma de proteger. A criança precisa entender que o corpo é dela e que ninguém tem o direito de tocá-la sem consentimento”, reforça Amanda.

A campanha Maio Laranja reforça o apelo para que a sociedade rompa o silêncio. Denunciar é o primeiro passo para proteger as crianças e interromper o ciclo de violência.

Como denunciar

Casos suspeitos de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes podem ser denunciados pelo Disque 100, serviço nacional gratuito e anônimo que funciona 24 horas. As denúncias também podem ser feitas diretamente ao Conselho Tutelar, à Polícia Civil ou ao Ministério Público.


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