Hipertensão Arterial: cerca de 30% de brasileiros convivem com esta doença silenciosa que pode agravar com o frio
A hipertensão arterial ou pressão alta que atinge 30% de brasileiros adultos e um terço da população adulta mundial ( 1,3 bilhão de pessoas), é uma doença silenciosa, crônica, caracterizada pelos níveis elevados da pressão sanguínea nas artérias. Ela acontece quando os valores das pressões máxima e mínima são iguais ou ultrapassam os 130/80 mmHg (ou 13/8). Anteriormente, o valor de referência para a pressão arterial alta era de 140/90mmHg (ou 14/9). A pressão alta faz com que o coração tenha que exercer um esforço maior do que o normal para fazer com que o sangue seja distribuído corretamente no corpo. É um dos principais fatores de risco para a ocorrência de acidente vascular cerebral, infarte, aneurisma arterial, insuficiência renal e cardíaca.
Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 390 pessoas morrem por dia no Brasil por hipertensão arterial. Muitas pessoas que circulam pelas ruas, shoppings, aeroportos, igrejas, supermercados e outros locais, são hipertensas e nem sabem. A doença desafia médicos e pacientes por conta de seu caráter silencioso. A única forma de descobrir a doença ou controlá-la é aferindo a pressão arterial de acordo com a orientação de seu médico.
Novas diretrizes para a hipertensão pela Sociedade Europeia de Cardiologia
As novas diretrizes para hipertensão que adotam critérios mais rigorosos, redefinem os valores considerados normais e enfatizam a importância da mudança do estilo de vida e tratamento precoce, diminuindo significativamente a incidência de infartos e acidentes vasculares cerebrais. A pressão arterial normal passou a ser 120/70mmHg (12/7) e a de 120/80mmhg, antes considerada normal, agora passa a ser considerada “elevada”, e a hipertensão arterial é diagnosticada quando a pressão sistólica atinge ou ultrapassa 130mmHg e/ou a pressão diastólica atinge ou ultrapassa 80mmHg. Como se vê, antes, a pressão alta ou hipertensão tinha como parâmetro o valor a partir de 140/90mmHg ( ou 14/9). Agora, o valor 130/80mmHg ou 13/8 pode indicar um risco aumentado de problemas cardiovasculares e é recomendado acompanhamento médico, permitindo que mais pessoas sejam diagnosticadas e tratadas antes do surgimento de complicações.

Causas da hipertensão arterial
Em 90% dos casos a hipertensão tem tendência familiar, mas há vários outros fatores que podem influenciar nos níveis pressóricos. Vejamos:
· Elevado consumo de sal (cuidado com os alimentos industrializados);
· Aumenta com a Idade ( No Brasil, cerca de 60% dos idosos com mais de 60 anos têm hipertensão). Não esquecendo que ela pode atingir indivíduos jovens, inclusive criança;
· Tabagismo;
· Consumo excessivo de bebidas alcoólicas;
· Sobrepeso e obesidade;
· Estresse;
· Sedentarismo;
· Níveis altos de colesterol;
· É mais frequente na raça negra;
· Diabéticos;
· Problemas renais;
· Doenças cardíacas e outras;
· Distúrbio hormonais;
· Certos medicamentos, drogas ou substâncias exógenas;
· Distúrbio do sono;
· Hipertensão do Avental Branco (aumento da pressão arterial durante consultas médicas, pela presença do médico ou do ambiente);
Sintomas
Os sintomas da hipertensão arterial costumam a aparecer somente quando a pressão sobe muito, podendo ocorrer dores no peito, dor de cabeça, tonturas, dores na nuca, zumbido no ouvido, fraqueza, falta de ar, palpitações, vômitos, visão embaçada, confusão mental e sangramento nasal.
Tratamento
A hipertensão arterial, de um modo geral, não tem cura, mas pode ser controlada com uma combinação no estilo de vida e, se necessário, medicamentosa. Somente o médico poderá determinar o melhor medicamento de uso contínuo e orientação para cada paciente. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece gratuitamente medicamentos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou nas Farmácias Populares para hipertensão arterial e outras doenças.
Prevenção
Além dos medicamentos disponíveis atualmente, é imprescindível adotar um estilo de vida saudável e que adultos a partir de 20 anos façam a aferição da pressão arterial pelo menos uma vez ao ano, aumentado a frequência com a idade e histórico familiar conforme orientação médica. As medidas preventivas:
· Manter o peso adequado, se necessário, mudando hábitos alimentares incluindo alimentos ricos em fibras;
· Alimentação saudável, balanceada e adequada;
· Não abusar do sal, utilizando outros temperos que ressaltam o sabor dos alimentos;
· Gerenciamento do estresse;
· Praticar atividades físicas regularmente: é a saúde em movimento;
· Abandonar o tabagismo e moderar no álcool;
· Evitar alimentos gordurosos e industrializados;
· Controlar o diabetes ou outras doenças que possam agravar a hipertensão;
Hipertensão Arterial versus Inverno
A chegada do inverno traz consigo uma preocupação extra com a saúde. Isso porque, os casos de Infarto, Acidente Vascular Cerebral (AVC) podem aumentar consideravelmente em temperaturas abaixo de 14ºC, segundo o Instituto Nacional de Cardiologia. Pacientes com idades mais avançadas e aqueles que já possuem doenças relacionadas ao coração, são os mais vulneráveis as baixas temperaturas.
Mas por que isso acontece?
A explicação está num processo natural do corpo que com a queda na temperatura provoca a vasoconstrição de vasos sanguíneos (diminuição do calibre). Essa vasoconstrição, no entanto, pode elevar a picos de hipertensão, a chamada pressão alta, sobrecarregando o trabalho do músculo cardíaco a fazer mais esforços para bombear o sangue e vencer a resistência dos vasos contraídos. Além disso, ocorre um aumento de cortisol no sangue e alterações da coagulação, que, juntos, favorecem a formação de coágulos que podem entupir as artérias. Vale acrescentar que o aumento das infecções respiratórias mais frequentes nesta época, também é um fator que contribui para maior incidência de doenças cardíacas no inverno. Outros fatores que contribuem para o aumento do risco de hipertensão no inverno são a pouca ingestão de água que deixa o sangue mais espesso, alimentação muito calórica, gordurosa e salgada que também pode contribuir para a hipertensão, e o sedentarismo porque as pessoas ficam mais em casa e deixam de fazer atividades físicas prejudicando a saúde cardiovascular.
Para evitar a hipertensão no frio, é crucial manter o corpo aquecido e bem agasalhado, adorar uma alimentação saudável, praticar exercícios físicos preferencialmente em ambientes fechados, hidratar-se adequadamente, limite-se o consumo de álcool e cigarro, suplemente-se de vitamina D, tomar medicamentos se necessário, manter-se hidratado e monitorar a pressão arterial.
Lembre-se: não subestime de maneira nenhuma a sua hipertensão.
· Dr. Juarez de Oliveira é Médico da Estratégia Saúde da Família (ESF) em Nova Esperança