Reportagem conversou com a Drª. Marcia Regina Royer, renomada bióloga para entender melhor os impactos desse problema.  Ela enfatizou a importância do monitoramento regular da qualidade da água subterrânea nas proximidades de cemitérios, a fim de identificar potenciais fontes de contaminação e tomar medidas corretivas quando necessário.  

A contaminação do lençol freático em áreas de cemitérios tem sido motivo de preocupação para especialistas em meio ambiente e saúde pública. A presença de substâncias tóxicas provenientes da decomposição dos corpos sepultados pode representar um risco significativo para a qualidade da água subterrânea.

A reportagem falou com a Profa Drª. Marcia Regina Royer, renomada bióloga para entender melhor os impactos desse problema. Segundo ela, os cemitérios podem representar uma fonte potencial de poluição do lençol freático devido aos resíduos orgânicos liberados durante o processo de decomposição dos corpos.

"Na decomposição dos cadáveres forma-se o necrochorume. Este líquido é formado pela liberação de uma variedade de compostos orgânicos, como amônia, sulfeto de hidrogênio e outros produtos químicos resultantes da degradação dos tecidos, somado a uma elevada quantidade de bactérias e vírus, que podem sobreviver até cinco anos, em condições adequadas", explicou a Dra. Royer "Essas substâncias e patógenos podem infiltrar-se no solo e atingir o lençol freático, contaminando a água subterrânea.”

A contaminação do lençol freático pode ter consequências graves para o meio ambiente e a saúde humana. A água subterrânea contaminada pode ser utilizada para consumo humano, irrigação de culturas ou abastecimento público, o que representa um risco direto para a saúde da população que depende dessas fontes de água.

"A ingestão de água contaminada por esses compostos orgânicos e patógenos pode levar a problemas de saúde, como intoxicação, doenças gastrointestinais, hepatite A, tétano, febre tifóide, entre outras", alertou a Dra. Marcia. "Além disso, a contaminação do lençol freático também pode afetar negativamente a fauna e flora locais, causando desequilíbrios nos ecossistemas, complementou."

Marcia Royer ressaltou a importância de medidas preventivas para minimizar a contaminação do lençol freático em áreas de cemitérios. "É fundamental adotar práticas de sepultamento adequadas, como a utilização de caixões biodegradáveis e sistemas de drenagem apropriados para evitar a infiltração de resíduos no solo", destacou.

Além disso, a doutora enfatizou a importância do monitoramento regular da qualidade da água subterrânea nas proximidades de cemitérios, a fim de identificar potenciais fontes de contaminação e tomar medidas corretivas quando necessário.

"A conscientização sobre os riscos associados à contaminação do lençol freático em áreas de cemitérios é fundamental. É responsabilidade das autoridades locais e dos órgãos ambientais estabelecer regulamentações adequadas e promover a educação ambiental para minimizar os impactos negativos dessa questão", explicou a Dra. Marcia Regina Royer.

Lençol freático

A proteção da qualidade da água subterrânea é essencial para garantir a segurança e o bem-estar das comunidades que dependem dela. Medidas preventivas e regulamentações adequadas podem ajudar a mitigar os riscos associados à contaminação do lençol freático em áreas de cemitérios.

Além disso, é importante promover o uso de práticas sustentáveis de sepultamento, como a cremação e o uso de cemitérios verdes, que adotam técnicas que minimizam a contaminação ambiental. Essas práticas têm ganhado cada vez mais popularidade em diferentes partes do mundo, pois oferecem alternativas mais ecológicas e menos impactantes para o meio ambiente.

É necessário também investir em pesquisas científicas e tecnologias que possam ajudar a lidar com os resíduos orgânicos gerados pelos cemitérios. A busca por soluções inovadoras, como sistemas de filtragem e tratamento de água mais eficientes, pode contribuir para a preservação da qualidade do lençol freático e a minimização dos impactos ambientais.

A conscientização e o envolvimento da sociedade são cruciais para lidar com essa questão. É importante que as comunidades estejam informadas sobre os riscos associados à contaminação do lençol freático em áreas de cemitérios e que sejam incentivadas a adotar práticas mais sustentáveis. A educação ambiental, tanto nas escolas quanto nas comunidades, pode desempenhar um papel fundamental na conscientização e na promoção de mudanças de comportamento.

“A contaminação do lençol freático em áreas de cemitérios é um desafio sério que exige ação imediata. Com a adoção de práticas de sepultamento adequadas, o monitoramento da qualidade da água subterrânea e o engajamento da sociedade, é possível minimizar os riscos e proteger tanto o meio ambiente quanto a saúde pública. O cuidado com os recursos hídricos é essencial para garantir um futuro sustentável para as gerações presentes e futuras”, finalizou a Dra Marcia Royer.