Por Dr. Juarez de Oliveira*

A síndrome do túnel do carpo (carpo ou punho, é um conjunto de ossículos proximais da mão e sua articulação com os ossos do antebraço, rádio e ulna, popularmente chamado pulso), é uma neuropatia resultante da compressão do nervo mediano no canal do carpo, que é uma estrutura anatômica que se localiza entre a mão e o antebraço. Através desse túnel rígido, além do nervo mediano, passa os tendões flexores, que são revestidos por um tecido sinovial.  Qualquer situação que aumente a pressão dentro do canal e comprima o nervo mediano, estaremos diante da síndrome do túnel do carpo. 

Causas

A principal causa da síndrome do túnel do carpo é o LER (lesão por esforço repetitivo), gerado por movimentos de repetição, como digitação (computador, celular, tablet), tocar certos instrumentos musicais (pianista, violonista, violinista, baterista, por exemplo), cabeleireiro, barbeiro, costureira, dentista, além de causas traumáticas, processos inflamatórios (artrite reumatóide), alterações hormonais, hipotireoidismo, diabetes, gestantes, medicamentosas, tumores, etc.  

Síndrome do Túnel do Carpo na Gravidez

A gestação é um período em que a mulher passa por inúmeras mudanças e adaptações em seu organismo, com destaque para as mudanças hormonais, que podem acabar provocando edema por causa de uma grande retenção de líquidos no organismo, inclusive no punho onde se encontra o túnel do carpo, diminuindo ainda mais o espaço para a circulação e comprimindo o nervo mediano, ocasionando a síndrome do túnel do carpo, muito frequente nas gestantes. A predisposição anatômica também exerce um papel muito importante pois as mulheres de punho pequeno tem maior probabilidade de desenvolver esta síndrome. Calcula-se que uma mulher grávida em cada quatro sofra desta síndrome.

Sintomas

O principal sintoma é a parestesia, uma sensação de formigamento e dormência, seguido de dor, na mão, dedos, punho e antebraço.  Que se manifesta mais a noite pela circulação mais lenta na área de inervação do nervo mediano, responsável pelo tato (polegar, indicador, dedo médio e a metade do anelar), correspondendo aproximadamente metade da palma da mão. Nos casos mais graves, as pessoas podem perder a sensibilidade na mão afetada e os objetos começam a cair ao chão. A doença pode se manifestar nas duas mãos ao mesmo tempo e é mais comum em mulheres.

Diagnóstico

Geralmente é clínico, feito por um clínico geral, ou mesmo um neurologista ou ortopedista, fazendo a manobra de Phalen (compressão no túnel do carpo, prensando o nervo mediano), teste de Tinel (percussão sobre o túnel).  Outras vezes, há necessidade de exames complementares, como hemograma completo, Rx de punho, eletromiografia, ressonância magnética ou tomografia, etc. 

Tratamento

No caso das gestantes, o tratamento deverá ser feito por orientação de especialista, pois certas medicações podem interferir no desenvolvimento e saúde do bebê, principalmente no início da gestação. Nos outros casos, analgésicos, antiinflamatórios, infiltrações com corticóides, fisioterapia, as vezes imobilização com uma tala, ajudam a melhorar o quadro.   Nos casos mais complexos onde não há melhora dos sintomas, está indicado a cirurgia descompressiva do nervo mediano. Vale lembrar que muitas vezes há recidivas da doença, mesmo pós cirurgia.