COVID-19 (CORONAVÍRUS) E GLOBALIZAÇÃO
*Itamar Sateles de Sá
O ano de 2020 está turbulento! Ainda é março e já passamos por muitas coisas. Da tensão entre Estados Unidos e Irã à epidemia do coronavírus, passando pelos incêndios na Austrália, pelo abate de um avião com 176 passageiros nos céus de Teerã (Irã), além das enchentes em Minas Gerais, dentre outras fatalidades. Fevereiro e março foram marcados principalmente pela proliferação do coronavírus que surgiu na cidade de Wuhan (China), e atualmente atinge mais de 110 países. Esse vírus, que derrubou bolsas de valores, parou países e está arruinando a economia de várias nações é o assunto do momento, seja na grande mídia ou na mesa de bares e lanchonetes (agrupamentos estes não recomendados atualmente).
Em 25 de fevereiro, foi confirmado o primeiro caso da doença no Brasil. O paciente era um senhor de 61 anos, que tinha retornado uns dias antes da Itália. Atualmente, já são quase 400 casos em terras tupiniquins, além de quase 9 mil casos suspeitos. Isso não está longe da nossa região, temos casos suspeitos nos municípios de Alto Paraná e São João do Caiuá, além de casos confirmados em Cianorte, Maringá e Londrina. Interessante notar que algo tido como “chinês” se espalhou rapidamente pelo mundo, forçando a ONU a declarar a doença como pandemia em 11 de março.
Talvez, há poucas semanas, muitos pensassem que isso estava longe de nossa realidade, fazendo de nós meros espectadores, apenas acompanhando tudo pela TV e mídias digitais. No entanto, você já pensou em como isso pode ter se alastrado tão rápido? Sobre como passamos de espectadores a personagens desse triste desfecho?
Ora, vivemos em um mundo globalizado! Isso significa que todo o mundo está interligado, seja no âmbito cultural, econômico, social ou político. É comum vermos na TV notícias sobre encontros comerciais do presidente Bolsonaro com líderes de outras nações, da desvalorização do real em relação ao dólar, além de bebermos refrigerantes da Coca-Cola, andarmos com nossos carros da Chevrolet ou Ford e ouvirmos músicas estrangeiras.
E o que isso tem a ver com o coronavírus? Tem tudo a ver!
Uma das principais características do processo de globalização, como dito antes, é a rápida conexão entre todo o mundo. Isso foi possível graças à revolução da tecnologia, da ciência e da informação no último século, a qual foi influenciada pela disputa entre Estados Unidos e a antiga União Soviética (atual Rússia) no que ficou conhecido como Guerra Fria. Dentro disso, temos o transporte de pessoas e mercadorias. No século XV, por exemplo, que marca o início do processo de globalização, enquanto uma caravela se movia a 16 km/h, hoje um jato de passageiros chega a mais de 900 km/h (56 vezes mais rápido), como é o caso do Boing 777. Os caças e projéteis militares chegam a mais de 7.000 km/h (437 vezes mais rápido).
No entanto, o aumento da velocidade de locomoção das pessoas ao redor do globo propiciou também uma maior velocidade na propagação de doenças, como é o caso do coronavírus atualmente. Usemos como exemplo a Itália, de onde foi importado o primeiro caso da doença no Brasil. Os primeiros imigrantes italianos que chegaram ao Brasil em 1870 levavam até 40 dias a bordo de um navio para cruzar o Atlântico e atracar em Santos, no litoral paulista. Hoje, uma viagem entre São Paulo (Brasil) e Napoli (Itália) dura cerca de 20 horas de avião, caso haja escalas.
“Por que devo encarar 40 dias em alto mar se posso ir à Itália em poucas horas em um avião?”, mantendo a Itália como exemplo. A modernidade é algo fascinante, não é mesmo? No entanto, devemos ter bom senso! Veja bem, não estou propondo que paremos de viajar de avião para que doenças demorem 40 dias em vez de 20 horas para chegar ao Brasil. Isso seria um pensamento retrógado e infeliz! A ciência evoluiu! Dificilmente um vírus desse vai causar um estrago como a gripe espanhola, que entre 1918 e 1920 deixou um rastro de destruição com mais de 50 milhões de mortos (Para comparar, seria cerca de 25% de toda a população brasileira atual, ou quase 1.785 vezes a população de Nova Esperança).
No entanto, seguir as recomendações das autoridades, como a quarentena e procurar ajuda médica caso apresente sintomas, tendo viajado para o exterior ou não, além de evitar aglomerações é essencial para frear a propagação do coronavírus no país. Um surto de qualquer doença, mesmo que a taxa de mortalidade não seja alta, é um problema para as autoridades, uma vez que sobrecarrega o sistema de saúde, afetando principalmente a população. Temos como exemplo a epidemia de dengue na região, o que tem sido um desafio tanto para as autoridades quanto para a população. Ainda, podemos aproveitar a quarentena e limpar o quintal, evitando também a propagação da dengue.
*Itamar Sateles de Sá é Graduado em Geografia pela UNESPAR de Paranavaí. Mestrando em Geografia pela UEM.