Setembro Amarelo: psicólogo alerta para os cuidados com a saúde mental de adolescentes e idosos
Jeferson Eduardo Fontinhas destaca a importância do diálogo, da observação de sinais de alerta e do fortalecimento da rede de apoio.
“Cuidar da saúde mental é tão essencial quanto cuidar do corpo; quando ouvimos e acolhemos alguém em sofrimento, abrimos caminho para a esperança”, afirmou o psicólogo Jeferson Eduardo Fontinhas em entrevista ao Jornal Noroeste - Foto Alex Fernandes Françca/jornalnoroeste.com
No mês de setembro, dedicado à prevenção do suicídio, o psicólogo Jeferson Eduardo Fontinhas, que atende em Nova Esperança e Presidente Castelo Branco, chama a atenção para os sinais que podem indicar sofrimento emocional, especialmente em dois grupos mais vulneráveis: adolescentes e idosos.
Segundo ele, os jovens enfrentam uma fase da vida marcada por pressões e expectativas sociais. “A adolescência é um período de intensas transformações. A cobrança por desempenho, a comparação constante nas redes sociais e a dificuldade em lidar com frustrações podem gerar uma sensação de impotência. Quando o jovem não consegue enxergar perspectivas de futuro, o risco aumenta”, explica.
Já entre os idosos, a fragilidade costuma estar ligada a fatores como solidão, perdas e limitações físicas. “No envelhecimento, a desesperança aparece com mais força. Muitos se sentem sem propósito ou acreditam que não são mais necessários na vida dos outros. Esse sentimento pode abrir espaço para pensamentos suicidas”, observa o psicólogo.
Sinais de alerta
Fontinhas reforça que familiares, amigos e colegas precisam estar atentos a mudanças bruscas no comportamento.
“Se uma pessoa comunicativa passa a se isolar, ou se alguém sempre reservado começa a ter explosões emocionais fora do comum, é preciso acender o sinal de alerta”, afirma.
Outro ponto destacado é o isolamento social. “Quando alguém começa a recusar convites, perde o interesse por atividades que antes traziam prazer ou demonstra desânimo constante, é fundamental oferecer escuta e apoio”, orienta.
O papel do diálogo
Para o psicólogo, o silêncio pode ser um grande inimigo. “É um mito pensar que falar sobre suicídio incentiva a prática. Pelo contrário: conversar abertamente dá espaço para que a pessoa expresse suas dores e perceba que não está sozinha”, diz.
Ele destaca ainda a importância da escuta sem julgamentos: “Muitas vezes, quem sofre não precisa de conselhos prontos, mas sim de alguém disposto a ouvir. Estender a mão, oferecer companhia e demonstrar interesse genuíno já pode salvar vidas.”
A necessidade de rede de apoio
Fontinhas lembra que a prevenção não é tarefa apenas dos profissionais de saúde mental. “A rede de apoio — formada por família, amigos, vizinhos, colegas de trabalho e comunidade — tem um papel fundamental. Uma palavra de acolhimento, um gesto simples de cuidado, pode fazer toda a diferença”, afirma.
Além disso, o psicólogo alerta para a importância da busca por ajuda especializada. “A psicoterapia é um espaço seguro, onde o indivíduo pode reorganizar suas emoções e encontrar novas formas de lidar com o sofrimento. Quando necessário, o acompanhamento médico também deve ser considerado”, pontua.
"Nem sempre a dor é visível. A depressão pode sorrir, mas sofrer em silêncio. Setembro Amarelo é tempo de lembrar: acolher, apoiar e oferecer ajuda profissional faz toda a diferença. Sua escuta pode salvar uma vida", reitera.
A mensagem do Setembro Amarelo
Encerrando, Jeferson Eduardo Fontinhas reforça que o suicídio é uma decisão sem volta, mas sempre há alternativas. “Quem está no sofrimento, muitas vezes, não enxerga saída. Mas quem está de fora pode mostrar que existem caminhos, que há esperança. O Setembro Amarelo não deve ser apenas um mês de conscientização, mas um chamado para a vida durante o ano inteiro”, conclui.
Caso precise de ajuda, o CVV – Centro de Valorização da Vida atende gratuitamente pelo telefone 188 ou pelo site www.cvv.org.br, 24 horas por dia.