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Mudança pode ser definida como a transformação que pressupõe uma alteração de um estado, modelo ou situação anterior, para um estado, modelo ou situação futuro, por razões inesperadas e incontroláveis, ou por razões planejadas e premeditadas.

Mudar envolve, necessariamente, capacidade de compreensão e adoção de práticas que concretizem o desejo de transformação. Isto é, para que a mudança aconteça, as pessoas precisam estar sensibilizadas por ela.

Para Heráclito (aproximadamente 540 a.C. - 470 a.C.), filósofo pré-socrático considerado o "Pai da dialética", tudo existe em um estado de fluxo permanente, em outras palavras, tudo muda. 

Uma das suas frases mais celebre é “ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente, não se encontra as mesmas águas, e o próprio ser já se modificou. Assim, tudo é regido pela dialética, a tensão e o revezamento dos opostos. Portanto, o real é sempre fruto da mudança, ou seja, do combate entre os contrários".

Heráclito usou o exemplo do rio para demonstrar o eterno fluxo do universo. Quando entramos no rio a primeira vez, nós estamos em um estado de consciência que nos define naquele momento e as águas do rio também são parte desse momento. 

Na segunda vez que se entra nesse mesmo rio somos envolvidos pela ilusão de que o rio é o mesmo e nós também, mas é ai que Heráclito argumenta: as águas já passaram, são outras, assim como o ser que nela se banha. O “eu” de ontem não é mais o “eu” de hoje.  Tudo é fluxo, mudança e transformação.  

O que faz as águas não ser as mesmas é fácil de compreendermos, pois, um rio cuja água é corrente sempre haverá “novas águas” brotando da fonte. 

Mas em relação ao ser que se banha nessas “novas águas”, o que faz dele um ser diferente em relação à primeira vez que entrou no rio?

O que Heráclito defendia é que somo regidos por uma continua luta entre pares de opostos. Exemplifico: quente/frio, seco/molhado, dia/noite, vida/morte, guerra/paz, fome/fartura. Embora cada parte do par fosse um elemento separado, um não existiria sem o outro. Por exemplo: para existir a paz, primeiro tem que acontecer a guerra.  Se não houvesse guerras não compreenderíamos o conceito de paz. Mas as guerras existem, por isso ansiamos pela paz. 

Sendo assim, em relação aos opostos, um não existiria sem o outro. 

Essa luta continua dos opostos também está presente no âmago do nosso ser. Hoje estamos felizes, amanhã a tristeza nos assola. Agora posso estar com fome, mas basta comer um lanche que fico satisfeito. Ontem eu era criança, hoje sou adulto. Nesse exato momento em que escrevo esse texto estou vivo, mas quando você estiver lendo-o posso estar morto. 

Para Heráclito a única coisa que não poderia mudar era o próprio movimento, por isso a possibilidade da mudança (ou Devir) seria de fato a sua única certeza e a força que rege o universo. 

Se a única coisa que não muda é movimento, ou seja, a única certeza que temos é que “tudo passa”.  Existe um provérbio cujo autor é desconhecido (pelo menos eu não conheço) que diz: “não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe”. 

Voltando a analogia de Heráclito, se as “águas” do rio da vida que você está atravessando hoje são turbulentas, acreditem, elas vão passar. E amanhã, você também não será o mesmo, pois, o real é sempre fruto da mudança. 

Alison Henrique Moretti


Anuncie com Jornal Noroeste
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