A generic square placeholder image with rounded corners in a figure.

  • Compartilhar:

Quando você está diante de uma decisão a ser tomada, por mais simples que seja, já se perguntou qual a motivação da sua ação? Ou seja, faço por que é certo ou por que é necessário ser feito?

Vou exemplificar: imagine que você foi ao shopping com a sua família, assistiram um filme, comeram no Burger King, ficaram horas passeando em frente às lojas (a maioria das pessoas faz isso) e no final do dia estão voltando para casa. No semáforo, uma mulher se aproxima, ela tem uma criança no colo. Então ela te pede alguns trocados, você logo lembra que além daquelas moedas que costumeiramente ficam no carro também tem algumas notas na carteira que sobrou do Happy hour familiar.

Normalmente você daria as moedas que estão à vista, mas a criança no colo da mulher o compadece então você abre a carteira, separa algumas notas (geralmente as menores, todo mundo faz isso) e dá as notas para a mulher. A criança sorri, você sorri de volta, o sinal abre e então você segue em frente dizendo para os seus filhos o quanto eles devem ser gratos por terem tudo o que têm, mas eles não dão atenção, estão muito entretidos com o celular.

A questão que quero levantar aqui é: você ajudou a mulher por que era a coisa certa a ser feita ou por que era necessário?

O Filosofo alemão Immanuel Kant (1724-1804), fundador da “Filosofia Crítica” - sistema que procurou determinar os limites da razão humana, em sua filosofia da moral desenvolveu o conceito de AÇÃO POR DEVER E CONFORME AO DEVER, que é o mesmo que agir porque é certo ou por ser necessário.

Dever é a necessidade de uma ação por respeito à lei. Agir por dever é agir moralmente, é fazer algo por respeito à lei universal, à moral incondicional. Por outro lado, agir conforme o dever é agir pelo desejo, pela necessidade, para alcançar um objetivo.

A moral de Kant não está relacionada meramente às ações, mas principalmente à motivação, à intenção, ao sentimento secreto dos homens.

Voltando ao nosso exemplo, se ao dar o dinheiro à mulher você fez porque sabia que era a coisa certa a ser feita, pois, você tinha sobrando e ela possuía uma necessidade real, você agiu pelo dever, isso na linguagem kantiana é o mesmo que agir de acordo com a moral.

 Mas se você só ajudou a mulher por constrangimento, por ver a criança mal vestida no seu colo enquanto seus filhos se divertiam com seus smartfones no banco de traz, sinto muito, mas de acordo com Kant a sua ação não teve valor moral algum.

Percebeu a diferença?

A questão não está em pensar se vale ou não a pena ajudar a mulher, mas sim na lei universal (aja apenas com base na máxima que você pode usar como lei universal), que nos ordena a ajudar uma pessoa necessitada. Ou ainda, segundo a lei universal descrita por Kant, eu também não tenho o direito de me perguntar se uma pessoa merece ou não uma boa ação, pois a questão não está na simpatia, no mérito, na vontade, na inclinação ou na troca de favores, mas na obediência incondicional à lei.

Isso significa, basicamente, que devemos nos perguntar: como seria se todos agissem da maneira que estou agindo? Eu poderia sinceramente e consistentemente desejar um mundo em que todos se comportassem dessa maneira? De acordo com Kant, se nossa ação é moralmente errada, não poderíamos fazer isso.

Agir por dever é agir sem interesse, sem esperar nada em troca, é agir por saber que é a coisa certa a ser feita independente das circunstancias. Agir conforme o dever ou por necessidade, é agir por mérito próprio.

 

Alison Henrique Moretti


Anuncie com Jornal Noroeste
A caption for the above image.


Veja Também


smartphone

Acesse o melhor conteúdo jornalístico da região através do seu dispositivos, tablets, celulares e televisores.