A generic square placeholder image with rounded corners in a figure.

  • Compartilhar:

“Se Deus não existisse não haveria ateus” . G. K. Chesterton (1874-1936)

Antes de respondermos à pergunta, Deus existe? Devemos determinar qual conceito de Deus estamos falando. Neste artigo estaremos falando do Deus do teísmo cristão. 

Antropólogos e Sociólogos concordam que a religião é tão antiga quanto à humanidade. O pensador grego Xenófanes (séc. VI a. C.) foi um dos primeiros a notar que cada povo tendia a retratar Deus à sua própria imagem. Em geral, uma religião deve estar fundada na crença em outra vida, ou seja, na imortalidade da alma, nas penas e nas recompensas eternas, e deve ser sustentada por uma providencia extraordinária. 

O filosofo Voltaire (1694-1778) no seu Dicionário Filosófico ao escrever sobre o termo religião diz que é indubitável que houve povoados antes que fossem construídas grandes cidades e que todos os homens foram divididos em pequenas repúblicas antes que fossem reunidos em grandes impérios. É muito natural que uma aldeia, assustada pelo trovão, aflita pela perda de suas colheitas, maltratada pelo vilarejo vizinho, sentindo todos os dias a própria fraqueza, pressentindo por toda parte um poder invisível, tenha finalmente dito: Há algum ser acima de nós que nos faz o bem e nos causa o mal. 

A principio, os primeiros cultos religiosos foram prestados aos astros, habitantes de pequenas aldeias na tentativa de aplacar a “ira” vinda dos céus tentavam acalma-los com pequenos presentes. Isso logo se transformou em culto religioso. 

Nesse contexto ainda estamos falando do politeísmo, ou seja, a crença em vários deuses, pois, cada aldeia ou povoado tinha sua percepção acerca do divino, sendo assim, cada povo tinha seu deus. O monoteísmo (crença em um único Deus) surgiu com Abraão, ele viveu por volta de dois mil anos antes de Cristo e é considerado o pai das três grandes religiões monoteístas, sendo elas: Judaísmo, Cristianismo e Islamismo. A história de Abraão está registrada na Bíblia, no livro do Gênesis a partir do capitulo 12. 

Como disse no inicio, é sobre o Deus do teísmo cristão que quero falar nesse artigo, por isso tive que fazer toda essa introdução até chegar a Abraão, como já foi dito, ele é considerado o pai do Judaísmo e foi essa religião que estabeleceu o culto de um Deus supremo, criador e sustentador de todas as coisas. O Cristianismo acompanhou esse mesmo raciocínio, mas parte do principio de que Jesus é o Filho de Deus que veio ao mundo, e se ofereceu em sacrifício para remissão dos pecados dos homens. 

Mas a pergunta não foi respondida, Deus existe?

Sem duvida, a questão da existência de Deus é uma das mais importantes da filosofia. Ela afeta a totalidade do teor da vida humana, o que um ateu e uma pessoa que crê em um ser superior a quem deve amar e respeitar tem em comum? Ambos possuem uma relação com Deus, um por meio da via da negação e o outro por meio da via da afirmação. 

Há duas maneiras segundo as quais se pode argumentar em prol da existência de Deus. Em primeiro lugar, a abordagem a priori argumenta em um conceito de que Deus como Ser tão perfeito que sua inexistência é inconcebível. Esse argumento começou a ser esboçado por Agostinho (354-430), mas ganhou rigor com Anselmo de Cantuária (1033-1109), também é conhecido como argumento ontológico, pois parte do Ser de Deus.  Anselmo afirmou que Deus é um Ser infinito, perfeito e necessário. 

Para Anselmo Deus é aquele ser que não podemos conceber como não existente, e se falarmos em não existência divina estaremos falando sobre uma contradição, porque o divino não pode deixar de existir, pois, ele é perfeito. A ideia de perfeição que temos vem de Deus, pois, não há nada perfeito na terra. Em outras palavras, Deus é o Ser Necessário, ao passo que todas as outras coisas são contingentes. 

Em segundo lugar, temos a abordagem a posteriori que oferece evidencias extraídas do mundo, do universo observável e empírico, ou seja, das coisas criadas, esse é o argumento cosmológico. O argumento cosmológico tem mais de uma forma, a mais antiga delas ocorre em Platão e Aristóteles, eles ressaltaram a necessidade de explicar a causa do movimento, uma vez que observaram que a natureza vive em constante movimento. 

Supondo que o repouso é natural e o movimento não o é, estes pensadores chegaram a Deus como o necessário Primeiro Motor imóvel de todas as coisas, ou seja, aquele que causa o movimento. Mas esse Deus ainda não é o Deus cristão, até mesmo porque esses pensadores viveram no IV século antes de Cristo. 

Foi Tomas de Aquino (1225-1274) que usando as ideias de Aristóteles cristianizou o argumento do Primeiro Motor. Aquino afirmou que tudo o que se movimenta deve ser movimentado por outra coisa, essa “outra coisa” é Deus. Essa ideia está em conformidade com a narrativa da criação de Gênesis, onde Deus aparece criando o céu e a terra e todo o ser vivente.   

Esses são argumentos filosóficos que ao longo dos séculos foram desenvolvidos para tentar demonstrar a existência de Deus. Particularmente gosto de um exemplo simples e pratico. Se eu afirmar que enquanto escrevo esse artigo tem uma caixa de madeira em cima da minha mesa, eu não posso te provar, pois você não está aqui para ver, mas essa é uma afirmação possível. Mas se eu afirmar que enquanto eu escrevo tem um elefante adulto sentado na minha mesa, isso seria improvável e impossível, diferente da afirmação anterior que é improvável, porque eu não posso provar a existência da caixa, mas é perfeitamente possível que ela esteja aqui. Assim é Deus, improvável, mas não impossível. 

Alison Henrique Moretti


Anuncie com Jornal Noroeste
A caption for the above image.


Veja Também


smartphone

Acesse o melhor conteúdo jornalístico da região através do seu dispositivos, tablets, celulares e televisores.