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O alerta da dengue


Por: José Antônio Costa
Data: 17/01/2020
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O número de casos confirmados de dengue no Paraná, segundo boletim divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), na terça-feira (14), é 42 vezes maior do que o registrado no mesmo período do ano passado. De acordo com o levantamento, desde o final de julho de 2019 até a segunda semana de janeiro, foram confirmados 6.068 casos. No mesmo período do ano epidemiológico anterior, eram 142 confirmações.

Os dados acendem o “sinal de alerta vermelho”, pois a dengue representa um perigo real e imediato. E não é só no Paraná, as doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti voltaram a ser motivo de preocupação no país.

Já faz algum tempo que é possível notar nas árvores e fios de alta tensão de Nova Esperança a presença de maritacas e tirivas (aqueles pássaros verdes, semelhantes a papagaios só que menores). Recentemente nos finais de tarde nos bairros Santo Antonio e São José havia uma verdadeira invasão das populares “coleirinhas”, até mesmo um casal de “pica pau” da cabeça amarela foi flagrado nos postes do bairro.

O exemplo acima citado é claro em mostrar que algo está errado. Como aves nativas estão deixando o seu habitat natural e vindo para as cidades em busca de comida. O que está acontecendo? O que isso tem a ver com a dengue?

Talvez a resposta para a epidemia de dengue não seja apenas por culpa das pessoas que não limpam direito os seus quintais (que também tem sua parte de responsabilidade). É muito fácil taxar os brasileiros como irresponsáveis, que não cuidam das suas casas e deixam acumular água parada e ficar por isso mesmo.

Quando se observa que a dengue não é uma doença nova, a exemplo de outras que são transmitidas por insetos, tais como doença de chagas, febre amarela, malária e leishmaniose, o tema ganha proporções maiores.

Países desenvolvidos já tiveram surtos, em épocas passadas, quando estavam se desenvolvendo, como acontece com o Brasil e outros países agora afetados. O que isso quer dizer? Comprova que o desequilíbrio ecológico provocado pelo desenvolvimento desordenado das cidades, indústrias e monoculturas eliminou grande parte dos predadores naturais dos insetos. Sapos e rãs, por exemplo, importantes predadores naturais dos mosquitos, vêm sofrendo reduções em suas populações em diversos ecossistemas ao redor do planeta. Na falta de predadores naturais, o mosquito se reproduz de maneira intensa.

O velho ditado que “a corda arrebenta para o lado mais fraco”, é fato. O governo transfere toda a responsabilidade e culpa do Estado para a população. São raros os Estados e municípios que possuem profissionais capacitados em planejamento ambiental e controle de pragas.

A invasão de monoculturas (na nossa região a cana de açúcar) devido a falta de uma legislação mais rígida dos municípios delimitando a área de plantio acelerou o processo de desequilíbrio causado pelo homem ao meio ambiente.

O registro de agrotóxicos foi recorde em 2019. Até o dia 3 de outubro, o Ministério da Agricultura havia registrado 382 novos agrotóxicos no Brasil, mantendo o nível de registros como o mais alto da série histórica, iniciada em 2005.

Diante disso, como os danos ambientais são irreversíveis, é urgente investimentos em políticas públicas voltadas a sustentabilidade e preservação do pouco que ainda resta, caso contrário, seres humanos dotados de racionalidade perderão a luta para um pequeno mosquito.

 

“O Senhor Deus colocou o homem no jardim do Éden para cuidar dele e cultivá-lo”.   Gênesis 2:15

 

 

José Antônio Costa


Anuncie com Jornal Noroeste
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