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Desconectar é preciso!


Por: José Antônio Costa
Data: 22/03/2019
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Para muitas pessoas maior velocidade de conexão aliada a um bom sinal de wi-fi resulta na alegria completa. No entanto, percebo que o mundo digital tem nos pressionado e por alguns momentos, desconectar é preciso!

A rapidez que a tecnologia entrou na vida de muitos tem influenciado diretamente o comportamento das pessoas. Talvez você começou a ler essas linhas porque o título chamou sua atenção. No entanto, já está preocupado com o tempo, pois na gíria popular “tempo é dinheiro”.

Pelo aplicativo de mensagens instantâneas WhatsApp recebemos questionamentos, cobranças, poucas informações relevantes, mas também expressamos sentimentos, dizemos que amamos, mesmo que seja simbolicamente pela imagem de um coração na tela. Digitamos muito e falamos pouco.

Porém, desconectar é preciso. As pessoas estão quase gritando isso aos quatro cantos. Até mesmo os detentores das invenções tecnológicas já perceberam essa necessidade da geração atual. Já ouvi falar até na volta dos “dumbphones” (telefones “burros”, contrário de smartphones). Aparelhos sem internet, que servem tão somente para fazer e receber ligações.

Outro exemplo claro. O slow food, ao contrário de fast food, propõe que as pessoas devem saborear e preparar o próprio alimento. Reparem a quantidade de programas de TV que nos ensinam a cozinhar. Mesmo com cada vez mais opções prontas, a audiência dos “fazedores de receitas” só aumenta.

As agendas em papel em sua maioria foram substituídas pelas anotações no celular. Aparelho este, que nos desperta pela manhã e a cabeça não está mais no momento presente, mas na lista de afazeres que nos espera. As obrigações são tantas, que só o risco de não cumpri-las já nos deixa com sentimento de culpa.

É preciso fazer o exercício matinal, se alimentar de forma saudável, dar atenção à família, não atrasar no trabalho, estar preparado para a infinidade de reuniões que não terão hora para acabar. E não basta fazer uma coisa de cada vez. É preciso estar conectado ao noticiário em tempo real, se comunicar com várias pessoas pelos aplicativos do celular, atender telefonemas. Não se pode perder tempo. Agradar, dar resultado, ser ocupado parecem ser os novos valores dos homens e mulheres bem sucedidos.

A tristeza de tudo isso é comprovada em números quando se observa que jovens de 15 a 29 anos estão se matando mais. Dados não atualizados, de abril de 2017 apontava que entre 1980 a 2014, houve um aumento de 27,4% no número de suicídios dessa faixa etária.

Famílias cada vez mais isoladas dentro da própria casa. Relações de afetividade rasas e raras talvez expliquem as causas e consequências de 10% dos adolescentes brasileiros sofrerem de depressão, segundo a Associação Brasileira de Psicanálise e de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), 20% dos adolescentes no mundo têm a doença. Se considerarmos todas as faixas etárias, são 121 milhões de pessoas deprimidas no planeta. Os dados são de 2018.

Em síntese, muitas pessoas perderam a esperança. Hoje entendo que ser bem sucedido é conseguir controlar seu próprio tempo. A frase “a felicidade está nas coisas simples da vida” é real. Ouvir minha filha de quase três anos me abraçar forte, beijar e dizer que estava com saudades após uma manhã de aula é mais valiosa e importante conexão. Se há mais de 500 anos os homens se aventuravam na justificativa que navegar é preciso, a missão hoje é outra: desconectar é preciso. A melhor conexão não é virtual, mas sim real.

 “Que proveito tem o homem, de todo o seu trabalho, que faz debaixo do sol? Uma geração vai, e outra geração vem; mas a terra para sempre permanece”.  Eclesiastes 1:3,4 – Bíblia Sagrada

José Antônio Costa


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