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O autoconhecimento que faz bons pais


Por: Luiza Graziela Santos Dias
Data: 11/08/2020
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O ser humano tem dificuldade em se auto avaliar e muitas vezes não se conhece de fato, o que faz muitas vezes com que seja mais fácil acreditar que o problema está somente nos outros, no caso dos pais, muitas vezes escuto que o filho não respeita, não obedece, não se comunica e por aí vai, porque a lista é grande, mas será que o problema está mesmo somente no seu filho? Uma pessoa que não se conhece tende a se irritar e se ofender com o comportamento dos outros.

De acordo com Karnal, “A pessoa que tem domínio de si jamais se ofenderá. Eu só posso me ofender se eu não me conhecer. Alguém me insulta dizendo algo sobre uma questão pessoal. Só há duas hipóteses: a pessoa está dizendo a verdade ou ela está mentindo”. Podemos levar essa frase para a criação dos filhos, muitas vezes aquilo que mais incomoda os pais no comportamento do filho, se relaciona à questões mal trabalhadas e elaboradas sobre eles mesmos e a falta de autoconhecimento faz com que percam o controle, punindo, castigando ou batendo, pois não sabem lidar com a situação de outra forma, visto que na grande maioria das vezes a sua criança interior está ferida e nas falas dos pais conseguimos localizar muitas delas que não cicatrizaram, mesmo os pais se negando e tentando se convencer que a conduta punitiva e autoritária foi importante para sua formação. É aqui que ouvimos “apanhei e não morri, aprendi a respeitar os mais velhos”, e nesse momento podemos questionar por que o respeito deve ser dirigido apenas aos mais velhos? Por que uma criança não pode ser respeitada? De onde tiramos que ao agredir uma criança estamos formando um adulto saudável? 

Com isso, sempre que escuto uma dessas frases abaixo, levanto questionamentos como: 

- “Já bati e não resolveu” e por que continua batendo? 

- “Não adianta falar, ele não escuta” e quanto você tem escutado seu filho?

- “Fica de castigo sempre, mas volta a fazer” e isso fala mais sobre você que do seu filho, pois você insiste no erro de castigar, mesmo tendo consciência da falta de resultados.

- “Não faz nada que eu mando, desobediente” e por qual motivo você busca a submissão do seu filho e não a cooperação dele? Por que insiste em disputar poder no lugar de buscar ajuda?

Neste momento não estou julgando os pais, mais tornando consciente muitas questões que eles deveriam se fazer, mas é muito difícil dar o que não recebeu. Se esses pais não foram tratados de forma acolhedora, podem ter dificuldade em acolher, dado que na infância aprenderam com seus próprios pais que criança tem que temer para respeitar, mas já falamos por aqui diversas vezes que obedecer não é o mesmo que respeitar.

Muitas vezes me questiono, como não mudar algo que está tão evidente? Mas entendo que é muito difícil quebrar padrões que vem sendo seguidos por várias gerações, porém, é possível. Para que os pais saibam educar de forma saudável, primeiro precisam tratar as feridas que ainda estão abertas, devem se autoconhecer, para então entender o próprio filho, para se conectar e entender o que é seu e o que é dele, visto que sem esse processo de autoconhecimento não é possível diferenciar. E o meu conselho é que os pais façam terapia, para então serem pais melhores, esqueçam o tabu de que psicólogo é coisa de louco, pois se fosse assim todos seriamos loucos, fazer terapia é uma necessidade humana e quem passa por esse processo nunca mais é o mesmo, se transforma e vive bem melhor consigo mesmo e com os outros. 

Luiza Graziela Santos Dias


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