O técnico foi capaz de unir a experiência de alguns jogadores e a vitalidade de jovens promessas, formando uma equipe altamente competitiva. O time se despede do Paranaense após derrota por 2x1 para o Coritiba na capital, mas segue vivo na Copa do Brasil.

Em dezembro de 2018, o jovem treinador Cidimar Ernegas, o “Alemão”, 43, que tem familiares e amigos em Nova Esperança, onde residiu até os 15 anos, visitou a redação do Jornal Noroeste para uma entrevista. Na oportunidade ele pontuou os novos desafios, já  que até então treinava as categorias de base,  no comando do time principal da Londrina no Campeonato Paranaense de Futebol de 2019. 

Alemão conseguiu dar um padrão tático e técnico à equipe que está na 4ª fase da Copa do Brasil (posição inédita até então), gerando receitas para os cofres do Clube e revelando talentos para o futebol brasileiro, um deles, o lateral Mateuzinho, foi negociado com o Flamengo. 

A equipe vai contar com o retorno de alguns jogadores que disputaram o Campeonato Paulista pelo Novo Horizontino, visando a disputa da Série B do Brasileirão. 

“Gosto muito do time taticamente bem postado, e acima de tudo muita intensidade. Gosto de time dinâmico, de jogadores que atuem em diversas funções, mas que seja bem compactado e organizado no campo. Quando tem organização, corre menos riscos na defesa e você leva mais vantagem no ataque. Eu costumo dizer aos meus atletas que é inadmissível uma bola chegar na linha de fundo e ter apenas um jogador dentro da área, eu tenho que ter no mínimo de 3 a 4 atletas, assim as chances serão maiores. Na defesa a mesa coisa, diminuindo os espaços e não dando brechas. Gosto de uma defesa equilibrada. Também gosto de ganhar e monto meu time para atacar nos jogos, dificilmente faço mudanças para retrancar o time, mas para fortalecer o ataque, a não ser em casos onde o jogo está acabado e necessitamos segurar o resultado. Mas eu gosto muito do ataque, um time ofensivo com organização tática para conquistar os resultados”, salientou Alemão à época da entrevista e como pode ser visto, cumpriu à risca sua filosofia de trabalho. As atuações  do Londrina no Paranaense 2019 enche os olhos dos amantes do futebol versátil e bem jogado. 

A reportagem do JN acompanhou a crônica esportiva londrinense que quase de forma unânime destacou a forma como Alemão conduziu a equipe: “conseguiu ir longe demais com um elenco recheado de jovens promessas”.

Biografia

Carreira como jogador

Alemão começou cedo no futebol. Nascido em Curitiba, passou parte da infância em Cruzeiro do Sul, no Noroeste Paranaense. Mas foi quando se mudou para Nova Esperança, aos seis anos de idade, que começou a dar os primeiros passos com a bola. 

 Incentivado pelo pai e pelos tios, jogadores de destaque no futebol amador na região, começou em uma escolinha de futebol que era administrada pela prefeitura local. E não demorou muito para ele ser o destaque da família no esporte. 

Aos 14 anos de idade, Alemão foi aprovado em uma avaliação no tradicional Juventus-SP. Uma época em que o clube paulistano vivia bom momento após a conquista da Taça de Prata de 1983 e a Copa São Paulo de Futebol Júnior de 1985. Passou também pelo Blumenau-SC (1991) antes de fazer parte das equipes de base do Londrina, em 1992.

Com 17 anos de idade, já integrava a equipe de juniores do Tubarão. A partir daí, fez parte de uma das gerações mais vitoriosas da base alviceleste. Tricampeão da Taça Londrina (1992, 1993 e 1994), campeão do Paranaense de Juniores (1992), dos Jogos da Juventude (1993) além de chegar à semifinal da Taça São Paulo de Futebol Júnior (1994), melhor desempenho londrinense até hoje na competição.

 Estreou como jogador de futebol profissional em fevereiro de 1994, no Campeonato Paranaense. Naquele mesmo ano, o jovem time londrinense chegou ao vice-campeonato estadual. Em julho, conquistou a Copa Cidade de Curitiba. Em 1995, foi convocado pela Seleção Brasileira Sub-20 e participou da conquista do Torneio de Toulon, na França.

Ficou no LEC até 1995, quando foi negociado com o XV de Piracicaba – uma das grandes transações do futebol paranaense à época. Pelo time paulista, conquistou o Campeonato Brasileiro da Série C de 1995. Já no Ituano, ficou com o título do Paulista do Interior, em 1998. 

Teve outros desempenhos de destaque novamente no Londrina, quando terminou o Brasileiro da Série B de 1998 no terceiro lugar – apenas duas equipes ascendiam à primeira divisão à época. Foi vice-campeão estadual com o Paulista de Jundiaí, em 2004, e também por pouco não alcançou a Série A nacional com os jundiaienses, em 2002. No Norte do País, levantou a taça do Paraense de 2005, pelo Paysandu.  

Carreira como treinador

Assim que encerrou a carreira, Alemão passou a se dedicar a uma outra vocação: ser treinador. O começo foi em 2009 no Junior Team Futebol, clube-empresa dedicado à formação de atletas. Dirigiu as equipes Sub-15 e Sub-17 em competições locais e estaduais.

 Em 2010, assumiu um desafio que o ajudou a aprofundar os conhecimentos em administração pública voltada ao esporte. Exerceu por seis anos o cargo de assessor técnico da Fundação de Esportes de Londrina (FEL). Período em que teve grande reconhecimento na função.

Mas a paixão pelos gramados falou mais alto e objetivo em ser treinador voltou a ser a meta de Alemão a partir de 2017. E o destino o trouxe justamente ao clube que o projetou para o futebol. E agora, a função de revelar novos talentos passaria a ser a principal missão de Alemão.

 Em fevereiro de 2017, assumiu o LEC Sub-17. Em maio, já era o treinador do LEC Sub-19. Logo no primeiro ano com os juniores do Tubarão, chegou à semifinal do Estadual da categoria. Com o mesmo grupo, conseguiu na Copa São Paulo de Futebol Júnior de janeiro de 2018 o melhor desempenho londrinense desde o time de 1994, quando ele próprio estava em campo como atleta.

 O último estágio antes de assumir a equipe principal foi o Paranaense Sub-19 de 2018. Competição na qual o LEC estabeleceu um recorde. Pela primeira vez na História, um participante conquistou 100% de aproveitamento nas 18 primeiras rodadas do campeonato. Ajudou ainda a formar uma safra de jogadores de talento, que rendeu pelo menos sete nomes para o time principal em 2019. Com informações do LEC.