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Uso de oxímetros no combate a hipóxia silenciosa


Por: Ana Maria dos Santos Bei Salomão
Data: 18/09/2020
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Paulo se envolveu em um acidente de trânsito, e por causa de alguns ferimentos, foi encaminhado ao hospital para atendimento médico.

Já no hospital, fizeram vários exames, inclusive raio-x, e tomografia para ver, se não teria tido nenhuma lesão em órgãos internos. Qual foi a surpresa quando ele recebeu o diagnóstico de covid-19 e pneumonia severa, ele estava com um nível de oxigenação no organismo muito abaixo do normal, embora estivesse sem dificuldade nenhuma para respirar, ele conseguia falar normalmente com a família no telefone. O médico disse que ele precisava ir para UTI receber ventilação mecânica com urgência. 

Ele não acreditou e a equipe médica teve que mostrar os exames para que ele pudesse crer.

Essa condição atípica é  chamada de hipóxia silenciosa ou pneumonia silenciosa e tem surpreendido médicos em todo mundo.

Precisamos ter um nível de  saturação  de oxigênio de  95%, abaixo deste valor, sofremos, e temos dificuldade para respirar. Na covid-19 o paciente chega a ter uma saturação em 66%, apesar da baixa saturação, respira sem dificuldade.

Em um artigo publicado no jornal The New York Times, o médico Richard Levitan, descreve essa condição e defende o uso de oxímetros, como forma de prevenir mortes e salvar vidas.

Ele diz que “Estamos começando a reconhecer que a pneumonia da covid-19 causa inicialmente uma privação de oxigênio, que chamamos de ‘hipóxia silenciosa’ – ‘silenciosa’ por sua natureza traiçoeira, difícil de ser detectada”.

Mas, como o paciente deixa chegar a este ponto? Como ele não sente a falta de ar?

Os médicos ainda tentam explicar, mas uma possível resposta seja porque o pulmão continua tendo complacência, ou seja, o pulmão se expande bem.

Numa pneumonia viral normal, o vírus causa uma inflamação pulmonar, que enche os pulmões de líquido, dificultando a obtenção de oxigênio e consequentemente dificultando a liberação de gás carbônico, o pulmão perde a capacidade de se expandir, ele fica rígido.

Na Covid-19 isso não acontece, o pulmão continua a se expandir, o individuo tem dificuldade de obter oxigênio, mas ele consegue liberar o gás carbônico, sendo assim ele não tem falta de ar.

Como forma de compensação a frequência respiratória aumenta, o indivíduo respira mais rápido e profundamente, e ele nem percebe isso. Todo este esforço causa lesões no pulmão, que pode gerar uma insuficiência respiratória aguda.

Isso pode explicar, porque pacientes com covid-19 morrem de repente, sem sentir falta de ar.

Richard Levitan, defende o uso de oxímetros em pacientes, com sintomas compatíveis com covid-19 por 2 semanas, sempre com acompanhamento médico como forma de prevenção a uma possível hipóxia.

O aparelho se assemelha a um pregador de roupas, onde é colocado em um dos dedos e serve para medir a saturação de oxigênio no sangue e a frequência cardíaca.

Preocupados com isso, o Estado do Paraná dá um passo a frente e através de um projeto “Todos pela saúde” recebeu 5.731 unidades de oxímetros. O Paraná é o primeiro a integrar a campanha de conscientização sobre a hipóxia silenciosa.

O secretário de Estado da Saúde, Beto Preto, disse que “A ideia é acompanhar os pacientes desde o início dos primeiros sintomas e monitorá-los para evitar o agravamento da doença, bem como o internamento deste paciente e a evolução a óbito. O Paraná, nesse sentido, sai na frente para aprimorar o atendimento e alcançar ainda maior efetividade no enfrentamento da pandemia.” 

Uma boa notícia para nós paranaenses no combate a pandemia. Resta a nós cidadãos nos conscientizar e acatar as recomendações de prevenção à doença, que todos nós já sabemos, evitando aglomerações e mantendo a etiqueta respiratória e de higiene.

Juntos, venceremos essa doença.

Ana Maria dos Santos Bei Salomão

Responsável pela Coluna Saúde em Pauta.


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