A Coluna Sétima Arte dessa semana tá do jeito que o grande público gosta, comentando sobre um filme popular, cheio de tramas e recheado da mais típica comédia brasileira. A famosa série de sitcom Vai Que Cola estreou ontem seu segundo filme no cinema, Vai que Cola – O Começo, e a expectativa é de salas cheias e muita risada.

Em 2013 a série Vai que Cola estreou no canal pago Multishow e, desde então, é um sucesso avassalador, sendo de longe o programa de maior público na programação do dito canal. A primeira impressão sobre o programa é que ele é um misto de Friends com Sai de Baixo, mas conforme você vai ficando mais íntimo dos personagens percebe aos poucos a originalidade, naturalidade e o deboche, deixando qualquer tipo de comparação de lado.

Em 2015, a série chegou pela primeira vez ao cinema e teve sucesso de público e crítica. Ela seguia o mesmo trajeto de outras comédias nacionais já bem manjadas pelo público em geral, mas tinha um diferencial, um elenco competente e carismático que fez o público migrar da sala de casa para a sala do cinema. Agora, a galera da pensão da dona Jô volta às telas grandes e aquilo que poderia ser apenas mais uma comédia nacional pastelão se torna uma boa oportunidade de diversão.

Digo isso porque os roteiristas e o diretor, César Rodrigues, inovam ao decidir não investir numa sequência ao filme de 2015, mas sim focam em apresentar uma prequela, ou seja, constroem a história do que aconteceu antes de tudo aquilo que público já conhece. A partir disso, eles têm liberdade para construir histórias de origem – algumas mais bem elaboradas do que outras, como no caso de Ferdinando – e dar sentido a muita coisa que se tornou referência na série. É claro que um roteiro escrito a seis mãos, traz alguns problemas, mas que são superados facilmente pela presença marcante do elenco.

Quem é fã de carteirinha da série vai se deliciar com a história, mas, por outro lado, a trama tem um grande cuidado em ser acessível a todos, inclusive àqueles que não estão familiarizados com o programa. Como história de origem, ela permite ao público em geral conhecer as motivações que regem os jeitos e trejeitos de cada personagem. Além disso, o filme permite conhecer um pouco mais sobre o passado de Terezinha, a causa de sua mudança do morro do Cerol para o Méier e ainda apresenta o tão falado e nunca visto Tiziu. É ele o responsável por render ao filme uma pitada de suspense misturada com muito bom humor.

O elenco, já conhecido, se sustenta muito bem sem Paulo Gustavo, mostrando que o valor do grupo é muito maior do que o do indivíduo. Cada um tem um timing para a comédia que chega a ser quase cirúrgico, são comentários e tiradas que arrancam gargalhadas despretensiosas do público. Formado por Marcus Majella, Samantha Schmutz, Cacau Protásio, Catarina Abdalla, Emiliano d’Avila, Fiorella Mattheis e Silvio Guindane o elenco ainda conta com algumas participações especiais, dentre elas destaque deve ser dado a um dos artistas que eu mais gosto nesse Brasil, o inigualável Sergio Mallandro.

Vamos à trama! Muito antes de socializarem quase todos os dias na pensão da Dona Jô, Jéssica, Ferdinando e Máicol sequer se conheciam. Mas Terezinha decide organizar uma grande feijoada no Morro do Cerol, todos eles se encontram pela primeira vez, da maneira mais inusitada possível. 

Por que ver esse filme? Porque estamos carentes de comédias, porque ele segue o padrão de comédia nacional e ao mesmo tempo inova em sua forma de narrativa e, por fim, porque é uma homenagem aos fãs, que acompanham esses personagens há mais de seis anos na telinha. Fique atento às referências ao longo do filme, elas são várias e vão desde O Rei Leão, até o clássico Matrix, mas a mais divertida e escancarada é a homenagem a Xuxa. Divirta-se e boa sessão!