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Sétima Arte - O Destino de Uma Nação.


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 28/08/2020
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Mais uma vez, a semana passou sem filmes inéditos nas plataformas de streaming, mas em compensação, nos últimos dias, foram liberados alguns filmes excelentes. Dentre eles, destaco essa semana um filme que já deu muito o que falar na época de seu lançamento, em janeiro de 2018, O Destino de Uma Nação.

Esse filme foi disponibilizado na Netflix no último dia 25 de agosto. Caso você não tenha visto essa é sua grande chance e, claro, se você já viu terá a oportunidade de vê-lo novamente. Esse é o tipo de filme que não foi feito para agradar a grande massa, bem por isso, está longe de ser um arrasa-quarteirões, mas não se iluda, essa é uma obra realmente grande, em todos os sentidos, seja na sua duração, seja na sua direção, no seu roteiro e principalmente na atuação de seu protagonista.

O Destino de Uma Nação, diferente do que muita gente pensa, não é um filme biografia sobre o icônico Primeiro Ministro britânico Winston Churchill. Ele não apresenta a vida de Churchill desde o nascimento até a morte, pelo contrário, ele tem um recorte muito bem definido, trazendo em sua trama um momento específico da vida de seu protagonista. Bem por isso esse filme é muito melhor classificado como filme político ou drama. 

Baseado em fatos, o longa traz os primeiro dias de Winston Churchill no cargo de Primeiro Ministro da Grã-Bretanha, momento em que ele está prestes a encarar um de seus maiores desafios, pois o cargo o obriga a começar a costurar um perigoso tratado de paz com a Alemanha nazista que pode significar o fim de anos de conflito. Momento difícil, que exige inteligência para uma acertada tomada de decisão, pois um erro poderá colocar em risco o destino de todo o Império Britânico.

Cheio de discursos, diálogos e tramas, o filme é desenvolvido com tanta eloquência que dificilimamente o expectador sentirá sono. O roteiro permite que público mergulhe na trama, nos diálogos e nas tomadas de decisão, identificando-se ora com o povo britânico, ora com seu líder. Mérito do roteirista Anthony McCarten, que fez um trabalho excelente ao apresentar a trama com sutilezas que retiram o peso da historicidade e que mostram o humano por traz da figura histórica quase intocada de Churchill. 

O enredo engenhoso de McCarten, somado ao brilhantismo visual do diretor Joe Wright apresentam ao público um filme único, com ângulos, luzes, cores e personagens que permitem ir além do que a história oficial narra simplesmente. Conhecido por fazer excelentes adaptações literárias (Wright é responsável por levar para a telona obras primas da literatura, tais como Orgulho e Preconceito, Desejo e Reparação e Anna Karenina) o diretor mostrou que também é muito talentoso ao lidar com acontecimentos reais.

Eu sou bastante suspeito para comentar sobre esse filme, pois, como visto a cima, a maioria dos responsáveis técnicos por sua execução estiveram a frente de obras pelas quais eu estimo grande valor. Outro exemplo disso é o diretor de fotografia que, com suas luzes e sombras, consegue construir uma atmosfera sóbria, tipicamente inglesa. O nome por trás desse feito é Bruno Delbonnel, ninguém menos do que o diretor de fotografia de O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, um dos filmes mais belos, visualmente falando, da década passada.

Por que ver esse filme? Porque, como bom filme político que é, permitirá algo mais do que apenas diversão, poderá fazer muita gente pensar criticamente a respeito do que é um verdadeiro político à frente de uma nação (é o filme certo para o cenário atual do nosso país). Por mais que Churchill não tenha entrado para a história como um exemplo ilibado de figura moral, ou como governante ideal, ele ainda é uma referência do que o povo espera como líder em tempos difíceis. Num Brasil que beira o caos devido à pandemia e onde a truculência ou conservadorismo se tornaram atributos de liderança, ver a representação de um político responsável agindo nos tempos sombrios da pior guerra já testemunhada pela humanidade pode ser, no mínimo, inspirador. Aproveite o filme e boa sessão!

Odailson Volpe de Abreu


Anuncie com Jornal Noroeste
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