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Sétima Arte


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 29/11/2019
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Vários filmes estrearam esta semana, mas gostaria de me dedicar na Coluna dessa edição a um filme que provavelmente passaria despercebido por muita gente, mas que tem uma particularidade que me atrai muito, a incrível e pouco conhecida história de um polonês que, em meio à guerra, usou a própria vida como instrumento de paz. Sobre Maximiliano Kolbe e o filme Duas Coroas a Coluna Sétima Arte deixa você muito bem informado essa semana.

Eu já comentei inúmeras vezes aqui sobre filmes de viés religioso, mas geralmente eles são carregados com uma forte doutrina de inclinação evangélica, salvo alguns mais comerciais. Diferente disso, o filme da vez apresenta uma história inspiradora mas de base católica e o faz com tanta competência quanto seus antecessores evangélicos.

Esse filme polonês foi financiado por Instituições Católicas e desde o princípio já deixa claro qual é a sua essência: apresentar o testemunho de vida e de fé do sacerdote franciscano Maximiliano Maria Kolbe, martirizado no campo de concentração de Auschwitz em agosto de 1941. Ele foi voluntário para morrer de fome no lugar de outro prisioneiro, mas antes disso, quando criança e adolescente, construiu uma história que culminou na empreitada de uma ação missionária no oriente, até chegar aos campos de concentração, durante a 2ª Guerra. Fez tanto, que recebeu do Estado de Israel o título de “justo entre as nações”, ou seja, o judaísmo reconhece que ele, mesmo não sendo judeu, é digno do paraíso devido a seus atos.

Eu gosto particularmente dessa premissa pois tive uma experiência ímpar com esse homem. Em 2016, quando fui à Polônia e visitei os campos de concentração de Auschwitz I e Auschwitz Birkenau, tive a honra de conhecer a história de algumas pessoas importantes que pereceram naquele espaço e dentre elas estava Maximiliano Kolbe. Me emocionou muito saber que impotente diante da ação dos responsáveis pelo campo de concentração, ele usou da única coisa que tinha para garantir que pelo menos uma vida fosse poupada e assim doou a própria vida pelo próximo.

O filme que está em cartaz com certeza não é o queridinho dos críticos, eles reclamaram de tudo a respeito. Do ar documental, do roteiro extremamente simples, do exagero didático da narrativa e principalmente da falta de estética artística. Eu diria que tudo isso está presente, mas que a falta de tudo isso em nada importa, pois a essência do filme está na história incrivelmente humana que ele deseja contar.

O diretor Micha? Kondrat interage constantemente ao longo do filme e busca a todo momento inferir em sua obra um caráter muito mais documental do que artístico. O fato dele estar nesse suposto diálogo frequente com o público demonstra que o filme dele não é direcionado apenas há um público assíduo da sétima arte, mas a todas as pessoas, inclusive as mais simples, que são as que mais precisam desse tipo de inspiração para suportarem as agruras da vida.

O filme de Kondrat deve ser classificado tanto como documentário quanto como drama, pois ele trabalha a história de Kolbe da infância à vida adulta, mesclando documentário e dramatização. No sentido de documentário apresenta um respeito profundo pelos espaços, lugares e pessoas, reconstruindo a história de forma bastante fiel. Já no aspecto dramático, encabeçado principalmente pelo ator polonês Adam Woronovicz, temos uma atuação competente e emocionante. Esse ator é o responsável por tornar o protagonista, que poderia ser facilmente representado como um santo nato, em um ser mais humano no sentido literal da palavra.

Vamos à trama! No dia 14 agosto de 1941, em Auschwitz, na Polônia, o sacerdote Maximiliano Kolbe fez uma difícil escolha: dar a sua vida para salvar um pai de família que mal conhecia. Sem ter ideia do grande legado que deixaria para as gerações futuras, Kolbe dedicou sua jornada à compaixão e solidariedade, e anos depois de sua morte foi proclamado santo pelo Papa São João Paulo II.

Por que ver esse filme? Duas são as principais motivações para ver Duas Coroas, a primeira atende à necessidade das pessoas que apreciam a histórias dos santos e que se inspiram nelas para buscar viver sua própria vida. Já a segunda motivação é para os amantes do período histórico, sobretudo da 2ª Guerra Mundial, o filme é um retrato fiel de uma face por vezes não tão trabalhada, ou abordada de forma superficial, desse período. Dificilmente um filme como esse entra em cartaz nos cinemas de nossa região, por isso, aproveite a oportunidade e boa sessão!

Odailson Volpe de Abreu


Anuncie com Jornal Noroeste
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