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O Poder do Diálogo e os Ares da Democracia


Por: Rogério Luís da Rocha Seixas
Data: 31/10/2022
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Ao construir este novo artigo para expressão de ideias, as eleições de 2022, chegam ao seu término. Mais essencial do que o resultado, deve-se destacar o sucesso do processo, que fortalece os ares democráticos em nossa sociedade. Principalmente, quando se promove a necessidade de se estabelecer o diálogo, para resolução de conflitos.

Deve-se ressaltar que os ares da existência democrática, não excluem os conflitos. Não suprimem as divergências. Ao contrário do que muito se propaga, a democracia vive da agonística entre as partes divergentes e as pluralidades de visão de mundo, seja partidária ou social, precisando renunciar a mera naturalização do inimigo a ser destruído, assumindo-se o papel de adversários que compartilham um conjunto de objetivos e valores ético-políticos, cuja interpretação se coloca em disputa. O diálogo alimenta esta prática agonística. Dialogar para se resolver problemas concretos. Não se trata aqui do mero palavrório ou antagonismo destrutivo. Mas sim o diálogo para se alcançar acordos e mínimos consensos, mesmo com algumas divergências, fator saudável para os ares democráticos.

Os ódios ideológicos. A intolerância política. Os confrontos de egos. Todos estes fatores só destroem exatamente as possibilidades de dialogar. A violência e o ódio emudecem os participantes do diálogo político.  Destroem e impedem a formação de uma esfera pública embasada no diálogo e no agir em conjunto. O ares democráticos tornam-se envenenados por toxidades autoritárias.

Penso que neste momento histórico de nossa democracia, devemos assumir um compromisso de restituir e fortalecer exatamente uma esfera pública, que possa de fato facilitar um maior diálogo entre governados e governantes. Espaço dialógico que na prática, solidifique nossas instituições democráticas e permita que os mais vulneráveis sejam vistos, ouvidos e assistidos. Desta forma, que os discursos de união e construção de espaços dialógicos, tenham o efeito de abrir a possibilidade de resolução de problemas graves que assolam nosso corpo social e político. Conflitos permanecerão. As divergências ficarão. Entretanto, afastemos do espaço democrático os ares tóxicos de ódio e violência, bombeando mais e mais os ares saudáveis para a sobrevivência de uma verdadeira democracia. Para além dos extremos direita e esquerda, necessitamos caminhar para a frente e construir uma caminhada de liberdade, equidade, tolerância, respeito e solidariedade.

Rogério Luís da Rocha Seixas

Rogério Luís da Rocha Seixas é Biólogo e Filósofo Docente em Filosofia, Direitos Humanos e Racismo Pesquisador do Grupo Bildung/IFPR e-mail: rogeriosrjb@gmail.com


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