Vivemos e um mundo globalizado no qual as notícias e informações circulam cada vez mais rápido. Por meio da internet a propagação não apenas de informações, mas também de ideias, conceitos e opiniões são acessadas e compartilhadas praticamente instantaneamente por milhões de usuários. Se por um lado o acesso e a interação possuem muitos benefícios, por outro também apresentam certas dificuldades e problemas, como a desinformação. 

A popularização de ferramentas digitas como as redes sociais e de variadas plataformas têm possibilitado, entre outras funções, o compartilhamento de informações, o que modificou também o cenário informacional de maneira drástica e preocupante. Nesse horizonte, tanto indivíduos como organizações de qualquer natureza podem criar e distribuir os mais variados tipos de conteúdos. É evidente que a interação entre as pessoas numa sociedade é muito importante, o problema que essa criação e distribuição de conteúdos e informações muitas vezes não obedecem a critério algum, como ocorrem numa revista ou jornal sérios, que possuem editores, revisores e/ou outros profissionais que checam os fatos e averiguam a informação antes de publicá-la.  

Nesse contexto, nos deparamos com problemas sérios causados pelas chamadas fake news, que são notícias falsas publicadas como se fossem reais, com o intuito de confundir ou induzir ao erro. A questão que fica é como evitar ou amenizar essa situação sem regular de forma a impor algum tipo de censura? É inegável que se deve respeitar o direito de expressão, mas como fazer isso sem que haja abusos e até mesmo violações dos direitos de outras pessoas?

É importante destacar que a Constituição Federal no seu artigo 5º estabelece:

IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;  

IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença; (Constituição Federal, 1988). 

Contudo, ter o direito a livre expressão não significa ter direito ofender, denegrir, caluniar, espalhar fake news e promover a desinformação. É preciso ter ética, responsabilidade e respeito ao próximo, inclusive nos ambientes virtuais. 

É verdade que numa sociedade democrática são inconcebíveis práticas como a censura. Por outro lado, é preciso que as pessoas sejam educadas, formal e/ou informalmente, para compreenderem e identificarem notícias falsas e notícias verdadeiras, verificando também as fontes confiáveis de informação. Além disso, é preciso agir com bom senso, usufruindo dos seus direitos, mas respeitando os direitos de todos. 

Numa sociedade cada vez mais globalizada é lícito afirmar que nossas ações não são neutras, o que fazemos ou dizemos pode repercutir seriamente, não apenas em nossas vidas, mas na vida dos outros. Um exemplo dos danos da desinformação é a recusa de inúmeras famílias em vacinar os filhos, pelo fato de que há informações veiculadas que afirmam que vacinas fazem mal ou que não são necessárias, entre outros motivos descabidos que são espalhados. O resultado desse desserviço são várias doenças que estavam praticamente erradicadas voltando a apresentar surtos e epidemias. 

E muitas pessoas acabam acreditando em tudo isso e as fake news ganham espaço e assim temos, inclusive autoridades e profissionais, teoricamente bem formados e informados, que acreditam, por exemplo, que a COVID-19 é uma invenção da mídia, que a Terra é plana, que a Amazônia não está sendo devastada, entre outros absurdos. 

 É preciso analisar e refletir antes de acreditar em toda (des)informação que recebemos, e não sucumbir ao terrível hábito de repassar sem saber a veracidade e se é de fonte confiável. É igualmente necessário, para além de práticas punitivas para aqueles que se prestam disseminar a desinformação, uma educação midiática promovendo não apenas a conscientização e o domínio das mídias digitais, mas também o senso de responsabilidade como cidadão preparado para viver em sociedade.