Novembro, mês do novembro roxo, mês da prematuridade, mês em que voltamos nosso olhar, para a causa dos prematuros, mês que estamos mais sensíveis para com estes pequenos em estatura, mas gigantes em força, eles têm dentro de si uma vontade imensa de sobreviver.

         E cabe a nós, sejamos pais, familiares, profissionais ou amigos, saber acolher e dar todo o suporte necessário para que eles possam a vir a ter sucesso. Devemos ser empáticos para com eles.

E este cordel de forma delicada e amorosa reproduz os sentimentos de um prematuro, trazendo para nós, a responsabilidade da humanização da assistência, e do cuidado, fazendo com que enxerguemos este pequeno grande guerreiro, com respeito e amor.

         Este cordel foi escrito por Gabriela Costa, que é fisioterapeuta da Maternidade Escola Santa Mônica de Maceió Alagoas, e se chama “Cordel do recém-nascido pré-termo

         Por Deus eu fui sonhado.

         Pelo meus pais, não sei se fui planejado ou mesmo inesperado.

         Só sei que estou aqui. Fui convocado a vida tenho uma missão a ser cumprida.

         Estou em um lugar protegido, recebo tudo que preciso. Estou crescendo e me desenvolvendo.

         Tudo estava indo bem. Mas algo foi perturbado, vou precisar nascer, e isso me deixa preocupado.

         Sou tão pequeno e imaturo, não sei se estou preparado.

         De um lugarzinho escondido, irei para um lugar desconhecido.

         De um ambiente perfeito naturalmente, irei para outro planejado artificialmente.

         Assim, cheguei ao team enrolado numa compressa numa incubadora de transporte, com jeito de quem tem pressa, oxigênio, sonda, cateteres e sensores.

         Checa a temperatura, oxímetros e monitores.

         Esse é apenas o começo, de uma exaustiva jornada. Sei que não estou só, tenho uma família, que tá preocupada.

         Meus pais estão inseguros, cheios de incertezas. Ah! Se eu pudesse dar a eles, um pouco mais de certezas.

         Por enquanto vou lutando, recebendo atenção, e uma equipe que me cuida, com expertise e dedicação.

         Numa longa internação, são tantas intercorrências súbitas e perigosas, às vezes, com consequências, hipotermia, apneia, cianose de saturação, dieta zero, sonda aberta, vômito e regurgitação, perda de peso, palidez, hipertermia e infecção.

         São tantas repercussões que precisam ser atendidas. Com prontidão absoluta para que possam ser vencidas.

         Sou tão frágil, tão pequenino, preciso tanto da sua colaboração.

         Vou te falar umas coisas, escute-as com atenção.

         Assim como vocês eu sinto frio e dor. Solidão e apatia. Cansaço e calor.

         Observem-me por favor, gosto de escuro para dormir. Do contato pele a pele para me acalmar.

         Da presença dos meus pais para me acalentar. E do leite materno para me alimentar.

         Peço que ajudem a minha mãe. Ajudem-na a manter a lactação, é muito mais que alimento é proteção.

         Encorajam-na nessa missão. Por fim, mantenham me organizado.

         Estimulem-me quando eu estiver acordado.

         Lavem as mãos, ao me examinarem. Chame-me pelo nome ao conversarem.

         Protejam-me. O que eu mais preciso é amor”.

         Espero que estas lindas palavras, possam ter tocado no coração de você caro leitor, e que com olhar cheio de amor, possa ter empatia para com esses guerreiros, que travam uma guerra todos os dias para sobreviver.

Pois, não é possível passar por uma UTI neonatal, onde há vários prematuros, seja você, profissional da área ou familiar, e sair dela como adentrou. Você sai mais humano, sabendo que Deus te confiou uma missão.

É olhar para aquele pequenino ser, tão frágil e indefeso, mas, corajoso que luta bravamente por sua vida. É ver milagres acontecer todos os dias. É enxergar nele Deus.