Masculinidade tóxica: do machismo ao suícidio
Por Lorena Castro*
Você precisa saber da existência e gravidade das consequências!
Masculinidade tóxica é expressão que se usa na identificação de comportamentos machistas, que são extremamente prejudiciais ao desenvolvimento pessoal e social. O conceito científico da expressão considera que se trata de um conjunto de traços socialmente regressivos para promover a dominação, a desvalorização feminina, homofobia e violência gratuita [1]. Os comportamentos da masculinidade tóxica foram construídos pela sociedade patriarcal, extremamente machista, criadora da premissa de que homem é viril, competitivo, predador, bruto, macho que não revela sentimentos e não chora, sob pena de ser afeminado.
As consequências da masculinidade tóxica variam entre a reprodução de comportamentos machistas; falas depreciativas e preconceituosas, como “isso é coisa de mulherzinha”, “menino não brinca disso”, “homem de verdade não faz isso”, “homem de verdade faz tal coisa”, “isso nem é homem”; xingamentos homofóbicos como ferramenta de bullying no ambiente estudantil [2]; intolerância e falta de liberdade em relação aos cuidados com a aparência [3] e, assim, o indivíduo também deixa de cuidar da pele, cabelo, unhas, da saúde e estética por temer gozação que questionará sua orientação sexual; até no conflito interno que permeia tantos jovens e adultos e resulta em suicídio[4].
Para a prevenção da masculinidade tóxica é necessário cuidado maior para com as crianças, jovens e adolescentes. Cuidado com a influência exercida em crianças do sexo masculino, pois as consequências podem ser irreversíveis tanto para com aqueles (futuros) adolescentes e adultos, quanto às pessoas em sua volta. Influência não necessariamente é incitar um comportamento machista, mas reproduzir frases preconceituosas pode ser suficiente. Adultos ignoram ou desconhecem o fato de que a criança é como uma esponja imergida em águas: ela absorve as palavras e atitudes em sua volta, sem entender a real valoração daquilo o que fará parte da sua formação, bem como será tomado como normal.
Para a desconstrução dessa masculinidade tóxica em adultos também é necessária a ampla informação, não é fácil desconstruir. Campanhas publicitárias também têm aproveitado da temática para orientação do público adulto. A campanha da Mash "Os mestres do conforto: confortável é ser quem você é" [5], que mistura humor com a desconstrução; e o esplêndido comercial da Gillette [6] sobre a influência do comportamento paterno nos filhos, que vale a pena assistir para compreender com facilidade a temática e refletir sobre.
Outra forma de prevenção é pela educação, com práticas inclusivas de gênero, abordagem sobre patriarcado, heteronormatividade, sexualidade [7], saúde mental e cuidados pessoais. Lembre-se sempre: a masculinidade tóxica potencializa gatilhos para agressões injustas, violência em razão do gênero, homofobia, transfobia etc., o que fere, além da integridade física, a dignidade de outrem.
REFERÊNCIAS
[1] Kupers, T. A. (2005). Toxic masculinity as a barrier to mental health treatment in prison. Journal of clinical psychology. https://doi.org/10.1002/jclp.20105.
[2] [7] INGRAM, K. M.; et all. (2019). Longitudinal associations between features of toxic masculinity and bystander willingness to intervene in bullying among middle school boys. Journal of School Psychology. https://doi.org/10.1016/j.jsp.2019.10.007, 2019.
[3] [4] Dossiê BrandLab: a nova masculinidade e os homens brasileiros. Google BrandLab. 2018.
[5] Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=9bk9X4Pf504.
[6] Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=zyoCdar5nKs.c