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Leiliane e o significado de atitude!


Por: José Antônio Costa
Data: 15/02/2019
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A semana começou triste com a notícia na segunda-feira (11) da morte do grande jornalista Ricardo Eugênio Boechat, 66 anos.

Horas antes de morrer tragicamente em um acidente de helicóptero em São Paulo, o jornalista disse em seu comentário num programa de rádio. “Quando a gente chora, sofre, lamenta o fato ocorrido ontem, parece estar anestesiado ou gostar da anestesia que nos faz esquecer tão logo surja o fato de amanhã, que terá o mesmíssimo tratamento.”

Curiosamente a palavra “anestesia” mencionada no mesmo dia pelo jornalista fez muito sentido em seu último momento de vida. Uma das imagens que mais me chocaram foi ver dois homens com seus celulares em punho “anestesiados” filmando toda a tragédia.

Mas, em meio à dor e sofrimento, uma mulher mudou a cena e reforçou que ainda podemos acreditar na humanidade. Leiliane Rafael da Silva, 28 anos é a mulher que salvou o motorista do caminhão, João Adroaldo Tomanckeves, 52 anos no acidente com o helicóptero.

No momento do acidente que deixou duas vítimas fatais, o jornalista e o piloto Ronaldo Quatrucci, 56 anos, Leiliane passava em uma moto ao lado do caminhão que se chocou contra o helicóptero na Rodovia Anhanguera. Enquanto muitos só queriam filmar, ela correu para tentar salvar vidas. Inclusive tentou salvar a vida do jornalista que estava em meio ao fogo, mas não deixaram pelo risco da explosão.

Enquanto o resgate não chegava, ela lutava, pedia socorro e ajuda. Vários “homens-bananas” estavam preocupados em filmar o momento e compartilhar para seus contatos. Leiliane demonstrou o que é atitude e foi apelidada de mulher maravilha nas mídias sociais.

A heroína da vida real tem seu ponto fraco. Ela é portadora de malformação arteriovenosa (MAV) caracterizada pela alteração na formação dos vasos sanguíneos no cérebro. A atitude deu tanta repercussão que ela será tratada pelo doutor Feres Chaddad Neto, especialista em MAV e professor de neurocirurgia da Unifesp.

A “mulher-maravilha” de verdade relatou a imprensa que a doença que ela tem causa convulsões, dores de cabeça e vômito. “O medo dos médicos é de que os vasos se romperem e causarem a minha morte. É mais perigoso que um tumor cerebral. Tenho uma bomba relógio na cabeça”, disse.

Leiliane vive em Pirituba, na Zona Norte de São Paulo, e tem três filhos: uma menina de 8 anos, um menino de 3 anos e um bebê de quatro meses. Ela trabalha como camelô e descobriu a MAV há quatro meses, mesmo assim vive normalmente como se cada dia fosse seu último. “Se eu sentir dor ou convulsão, eu deito. Quando passa, eu levanto e começo a preparar a comida, ou a limpar a casa”.

A ação desta mulher atitude me fez refletir e pensar como estou lidando com o sofrimento alheio? Limito-me apenas a observar ou tenho feito alguma coisa? Precisamos ser proativos como Leiliane. Que tenhamos capacidade de expressar emoções, deixando de lado a apatia, inércia e desinteresse pelo próximo. Fora da tela do celular existe vida!

 

“Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão”; Lucas 10:33 (Bíblia Sagrada)

José Antônio Costa


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