Escapar da Prisão da Mesmice
Nesta outra exposição de ideias, que não é a mesma coisa das outras, coloco para nossa reflexão praticamente um desafio: como escapar da prisão da mesmice? Principalmente no momento em que a mudança de praticamente tudo em nossas existências se faz tão contundente, penso que surge a oportunidade de buscarmos escapar do aprisionamento do mesmo. Nos desprendermos definitivamente do mesmo do antes. Obviamente, tal atitude inicialmente requer coragem, pois teremos que romper com a zona de conforto, que sempre nos seduz a nos conformar com o mesmo e por consequência, temer a mudança. Claro que aliada à coragem, deve-se ter a prudência de como escapar deste cárcere confortável, mas extremamente congelante de nossa capacidade de experimentar a vida. Ser prudente para saber como, o porque e o quando agir. Porém, sem confundirmos prudência com hesitação extrema ou medo, ambas formas paralisantes de ser que nos mantém no mesmo. Outro fator é a criatividade. Ser criativo para moldar um outro modo de ser que nos permita acompanhar as mudanças que virão. Constituir modos ou estilos de existência mais belas e ativas em todas as dimensões de nossas atividades. Assim sendo, fugir da mesmice se configurará, enquanto um desafio que se iniciará a partir das pequenas coisas do nosso cotidiano até os grandes projetos de vida. Seja este individual ou coletivo. Indubitavelmente, o porvir que se apresenta no horizonte pós-pandemia, embora ainda um tanto incerto, demandará esta ação de fugirmos da prisão da mesmice. Penso que por mais difícil e temeroso que seja para nós, assumirmos uma postura de não mais conformidade com o mesmo de sempre, também se apresenta como uma perspectiva para construirmos algo novo. Se será melhor ou não, dependerá de nossa liberdade de escolher e agir.
Rogério Luís da Rocha Seixas
Rogério Luís da Rocha Seixas é Biólogo e Filósofo Docente em Filosofia, Direitos Humanos e Racismo Pesquisador do Grupo Bildung/IFPR e-mail: rogeriosrjb@gmail.com